Ao quarto toque do alarme despertador do telemóvel, Brid Patt pega furiosamente no aparelho e com força maior que a necessária, prime o botão que o faz desligar-se.
– Damned noisy things! – Desabafou enquanto virava o corpo para o outro lado da cama a ajeitar a almofada.
Eram seis menos um quarto (AM) quando finalmente poisa os pés no chão e o cérebro na caixinha dos pensamentos. Brid tinha uma hora e meia para chegar ao aeroporto e levantar voo até LA onde o esperava a sua lindíssima mulher Julinina. Anjúlia, para juntos rumarem a um país africano, provavelmente, em missão da Onu da qual ela é embaixatriz. Porém, a bordo e após terem insistido imenso com ele para que aceitasse tomar o pequeno-almoço americano, não se sentiu bem disposto e levantou-se para rapidamente ir ao wc lavar a cara. Ainda não estava bem. Teria sido o bacon que por vezes lhe causa reacções realmente estranhas, mas nunca como no momento. Que mais poderia ter sido? Lembrou-se que apesar de ter usado duas ou três pastilhas de adoçante no café, (Não faço publicidade à borla de jeito nenhum!) este lhe soubera amargo ainda. Hmmmm..
Sentou-se no lugar mais próximo que encontrou, mas de repente, ficou muito agitado, confuso e um pouco tonto. No entanto, passara-lhe o enjoo. Tentou acalmar-se – em vão. Começou a tremer, piscava os olhos e sentiu uma enorme vontade de movimentar-se, correr, pular, sei lá – dançar e apanhar um pouco de ar. E daí até ao compartimento de bagagem e equipamento, foi um salto. As pessoas aplaudiam-no pensando que ele estaria a representar: “Fixe, fixe, Brid!!“ Passou por elas, empurrou o comissário de bordo fazendo com que se estatelasse no chão. Apertou o primeiro pára-quedas que apanhara a jeito contra o corpo, pulou os dois vãos de escada até ao porão, e, abrindo a pequena porta, lançou-se para fora do avião.
Ar! Finalmente ar, muito ar, todo o ar: – “Estou no ar, iuuuuuupppy, iuuuuuupppy yaaaaa!!!!”
O Vento não queria acreditar em tal proeza e encantado por ele, apanhou-o nas mãos embalando-o no colo por um tempo. Depois, decidiu conceder-lhe uma longa e inesquecível valsa fazendo-o voar pelos quatro cantos do mundo.
Admirando tudo, com uma imensa alegria e comovido, Brid abraçou-o fortemente e muito grato.
Contou-lhe sobre o seu encontro com Julinina em LA, mas o velho Vento já um pouco cansado ou porque se passara do clima, quiçá, ao aproximar-se do anti-ciclone dos Açores, virou à esquerda e pousou-o docemente no chão, como se fora um bebé, seu neto, e, subiu, subiu até desaparecer por entre o lindíssimo amontoado de nuvens cor de rosa que haviam adormecido sobre um plácido mar estendido lá ao fundo do horizonte.
Patt estalou os dedos para se saber acordado – ou não. Beliscou-se, doeu. Sim, estava, mas não sabia onde.
Em plena Praça do Comércio! – De onde partiu rapidamente sem contudo ter traçada uma direcção precisa.
Duas ruas abaixo e perpendiculares ao Rossio, avistou um grupo de homens reunidos à porta de um estabelecimento que lhe pareceu ser um bar, uma vez que, cada um, segurava nas mãos, o seu copo. Estranhou o diminuto tamanho dos recipientes, mas, sentindo uma súbita e tremenda sede, correu para lá e pediu: “A beer please!”
– Aqui é pinga, meu! Ginja com elas, queres ver?
Divertido, aceitou o copito que lhe ofereceram e vai de gole. Apanhou-lhe o gosto e pediu outra de seguida. Às duas por três, estava lançado, e, se não fora ter avistado uma limousine rodando vagarosamente com pompa e circunstância rua acima, por ali ficaria a encher-se de ginja com conversa pelo meio que não entendera nem um pouco e decidiu seguir o carro até este parar junto a uma passadeira encarnada estendida ao longo de toda a avenida e em torno da qual, se amontoava uma massa de gente curiosa que espreitava as figuras que iam chegando uma a uma, por períodos de tempo regulados.
Com todo aquele aparato, acordou finalmente para a sua real rotina, pensando que estaria no local certo e que a sua querida Anjúlia não tardaria muito mais a aparecer e a ficar junto dele. Decidido, alargou o passo avançando para o longo tapete, a recompor o cabelo, o fato, pronto a rasgar o melhor sorriso para as câmaras e a acenar a todo aquele público que certamente também o aguardava. Foi então que sentiu um forte aperto no braço, puxando-o para trás. Voltou-se e muito espantado, deu com o enorme segurança que o impedia de passar adiante: “What?! Are you crasy man, dont you see? I’m Brid Patt!!!!
– Pois, tá bem, e eu cá sou o Xico Fininho, pá! Cá pr’a trás, cá pr’a trás meu que não te vi sair de carro nenhum e essa do inglês não pega! Ele é com cada um…
A coisa estava a ficar preta e Brid, talvez que à conta da ginja, ganha uma força brutal, solta-se de rompante e corre para a frente das câmaras onde é efusivamente aplaudido. É a loucura total! Incrédulos, os fãs gritam por autógrafos e ele, simpaticamente acede e escreve em todos os papeis, t-shirts, mãos, ombros, barrigas, costas; tudo o que lhe metem à frente e cumprimenta toda aquela gente.
O segurança não tem mãos a medir, pede reforço mas, o colega que corre agora a seu lado, tenta convencê-lo: “Deixa pá! Se não é o gajo até que é parecido, man. Pode ser um duplo, sim, mas inda assim a minha Florinda desfaz-me se não lhe levo um autógrafo. Pensa nisso!!”
– Passaste-te pá? Isto são lá tempos de se deixar passar coisas destas! Temos que revistá-lo, sacar-lhe o B.I. e essas tretas. Vamos!
– Em directo, na gala da TBI ?! E se isto é show armado p’la Nela Loura Deves, lá por coisa das ódiências ?
– Bom, fica lá então d’olho no homem enquanto tá entretido c’a caneta para eu dar um toque ó chefe… Tá lá, chefe? Passa-se assim: Tamos aqui eu com o Paiva na gala da TBI e temos um gajo na passadeira vermelha a dar ótógrafos ó pessoal que se diz ser um tal de Brid Patt – aquele lá d’Óliude, tá a ver, e a malta o que vá de fazer?
Ah… bom, ok, ok, sim chefe, tá-se, espero.
– E atão? – pergunta o Paiva.
– Temos c’aguardar que o chefe contacte directamente a organização do evento, mas que entretanto na despregues o olho nele.
Aguardo sim chefe – e diz que nestas coisas tudo é possível… – Sim chefe, aguardo – …Pois é, diz que s’inté o Zé Pastel Bronco grava um disco, também pode muito bem ser que tenham mandado vir uma réplica do actor, ou assim… – aguardo, chefe.
– Ê nã te disse? Bora lá meu, dar segurança ó homem qu’inda é a gente que se lixa!
Mas já era tarde. A euforia era tal que nem os fotógrafos e repórteres se seguravam mais. Gerara-se a confusão total, disparavam-se flashes das câmaras fotográficas, o chão estava coberto por um emaranhado de fios e as pessoas corriam, tropeçavam neles e caíam desamparadas no solo impedindo a aproximação dos guardas de serviço. O Paiva metia as mãos à cabeça, chamava pelo colega e este pl’o chefe que lhes gritava ordens que não se entendiam. Foi então que alguém com bom senso, uma rapariga, que, na fila e bem atrás do rapaz que acabava de ser autografado na testa, se chega à frente e grita ao actor: “ Watch out, Brid, please hurry up and follow me!!”
Alarmado, finalmente dá-se conta do que sucedia e obedece àquela voz que não sabia bem de onde vinha. Atira-se. A rapariga oferece-lhe a mão e uma vez mais ordena-lhe que a siga, puxando-o determinada.
As luzes e as câmaras procuram-no voltando-se agora apressadamente para o outro lado da passadeira que até há segundos se mantivera praticamente às escuras. Levam um tempo de vantagem e então correram os dois o mais que podiam. Nesse momento, todos os olhos se fixam automaticamente no ecrã gigante montado na fachada principal do edifício, no qual, somente passavam vultos e sombras esbatidas a uma velocidade incrível, caras desconhecidas, tal era o desatino geral e a pressa dos operadores em descobri-los.
Já um pouco afastados da multidão e perto da esquina, a tomar fôlego e todo o cuidado, a mulher abranda por um pouco a corrida, antes de se decidir dobrá-la. A rua está quase deserta e pouco iluminada.
– Podemos ir – assegurou-lhe ela – e não tarda estarás em segurança, prometo-te.
Brid suspirou aliviado e sorriu-lhe. Passou novamente a mão pelo cabelo, fez o mesmo com o dela, ajeitando-lhe a teimosa madeixa negra caída sobre um dos seus olhos. A rapariga deu-lhe o braço e sugeriu que seguissem como se fossem dois amigos em passeio. Rindo, atravessaram por fim a rua. Em tom de sussurro, ela informou-o de que estavam quase a chegar. Contudo, a uns cinquenta metros adiante, depararam com um inesperado carro de exterior, cuja equipa estaria ali a postos para qualquer eventualidade, como esta boa hipótese de surpreendê-los, se é que já estariam informados sobre o seu caso.
– Pode ser que não – apostava ela optimista, fazendo-o parar enquanto fingia apertar um sapato para observar o grupo em acção.
Um jovem repórter aproximara-se de duas senhoras e perguntava-lhes se estariam a caminho da gala da estação de tv para assistirem à chegada dos artistas.
– Podemos passar. Agora! – Determinou ela voltando a dar-lhe o braço com o ar mais descontraído que conseguiu. Brid concordou, até que um pouco para o divertido.
– Também és actriz? – Noutra ocasião ela teria rido alto com gosto, mas limitou-se a abanar negativamente a cabeça, assumindo o papel de sua protectora.
– Não, nem de telenovela – piscou-lhe um olho convidando-o a adivinhar sobre a sua pessoa e profissão – não tenho o mínimo talento nem vocação – afirmou.
– Então estou finalmente nas mãos da fã que jurou raptar-me! – riu – polícia, ó da guarda!
As gargalhadas em uníssono foram inevitáveis chamando a atenção dos transeuntes sobre eles. As duas senhoras deliravam ainda com a entrevista: que estava tudo muito lindo, que logo que chegou o primeiro famoso desligaram o aparelho e saíram de casa para se irem plantar atrás do cordão dourado e já mandavam “jocas” aos netos, primas e tal, mas, o jornalista depressa as abandonou voltando-se para eles.
– Um cigarro – lembrou-se a rapariga. Acendeu um rapidamente e apressou o passo – vem, baixa a cabeça, olha para o chão e não pares, não pares.
– Um cigarro..?! – Olhou-a espantado – em vez de corrermos vais fumar agora?
– Claro, se fores uma pessoa vulgar e não estiveres para responder a umas perguntinhas de rua, acredita que nada é mais capaz de afastar uma câmara de televisão que um fumador, hum? Nós somos gente comum, não há aqui estrelas, ok?
– Certo, espertinha…
Mas desta vez e com efeito, não ia resultar. O jovem repórter confirmava as suas suspeitas e aguardava ordem, o tempo e condições para entrar no ar. A rapariga tentou persuadi-lo de um possível engano puxando a atenção para si, para o fumo que propositadamente lhe soprara na cara mas sem sucesso e em dois tempos decidiram fugir.
Tarde demais. Do outro lado da rua, o operador da câmara avançava com a máquina começando a filmar e no grande ecrã, já a imagem de B.Patt surgia em primeiro plano.
Brotavam todas as questões: Por que estaria ele em Portugal e mais propriamente na Gala da Tê Bê I, por que se encontrava ali sem a sua Julinina, sobre quem seria a rapariga, se o casamento teria terminado e assuntos afins…
Neste entretanto, a rapariga atirara distraidamente o cigarro fora, centrada em procurar maneira de saírem dali, e esse, foi rolando, rolando pela berma da estrada abaixo até chocar com um dos grossos cabos eléctricos desordenadamente espalhados pelo chão. Pouco tardou e sentiu-se um ligeiro cheiro a borracha queimada mas ninguém ligou.
Por falar em “ligar”, e assim que o técnico de luz prime o interruptor de um dos focos principais, dá-se um curto-circuito provocando uma pequena e primeira explosão. Depois a segunda durante a qual, a luz se torna tão intensa e impossível de se suportar que faz com que todos se sintam obrigados a tapar os olhos. Soltam-se faíscas de todos os lados e há quem pense que finalmente a festa começará de imediato com um imponente fogo de artifício. Não se diz coisa com coisa (mas isso é normal nestas andanças), ninguém sabe mais por onde começar, para onde ir, correr ou sentar a não ser a rapariga que, ainda atenta, observa que um dos fios bem próximo de B. Patt está prestes a arder e que ele corre o risco de ser atingido por uma chuva de grossas faúlhas que voam já na sua direcção. De um salto, atira-se para a sua frente de braços e mãos abertas pronta a protegê-lo como pode. Dá-se um enorme clarão, alaranjado, ouve-se um grito e a rapariga tomba instantaneamente no chão.
Por instantes faz-se noite no recinto e cai um silêncio profundo sem que contudo a maioria das pessoas entenda muito bem a que se deve. Há som, algumas câmaras estão operacionais e no ecrã vão já desfilando algumas caras conhecidas e ao acaso.
– Ah, isto está demais, demais, adoreeeii, chiquérrimo! – Diz o Zé Pastel Bronco realmente impressionado – mas como é que J.Tôlo não se lembrou de vestir-me de páraquedistaaaaaa…, está a ver…?
Após alguns acertos e de novo, todas as atenções se voltam para lá.
Brid encontra-se no centro daquele pequeno grupo reunido ainda ali sem terem tido tempo para mais que para o desmantelamento dos equipamentos a serem agora trocados por outros. O jovem repórter mantém-se em serviço mas é o primeiro a socorrer a rapariga ainda estendida no alcatrão. Procura levantar-lhe a cabeça e oferecer-lhe um pouco de água. A pouco e pouco recupera os sentidos, procura pronunciar uma palavra. Brid baixa-se e estende-lhe a mão que ela recusa pretendendo levantar-se por si só e dizer-lhe qualquer coisa que não se percebeu.
– Deixa-me ajudar-te, dá-me a tua mão, vá – segura-a e com alguma força, puxa a rapariga contra si. Já de pé, sente-se ainda um pouco tonta e confusa e Brid ampara-a carinhosamente mantendo a mão dela apertada entre as suas. Inclina-se e ao de leve, assenta-lhe o mais terno e grato beijo, dizendo: “thank you, salva-vidas desmiolada!”
É nesse preciso momento que acontece o inconcebível, espantoso e terrível facto: O actor vira sapo.
(Claro que era aqui. E claro, que não foi surpresa nenhuma. Tinha que ser, mais tarde ou mais cedo e então, por que esperar? Pronto, já está)
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh !! – É o susto geral.
Olhos esbugalhados, uma multidão boquiaberta. Uns chorando enquanto outros rindo, começavam a acreditar que é espectáculo – é espectáculo, é magia, só pode ser! – Grita um grupo divertido aplaudindo muito, muito.
– Viva, viva Tê Bê I ! – E mais palmas e suspiros – que isto está em grande, sim senhora!
Alguns concordam e esperam a aparição do “nosso” mágico Muis Latos, ou… ou será que também mandaram vir e em vez, o “Di” Copafild? – vá-se lá saber.
Numa sala à parte, algo atrapalhados, confusos e já para o assustados, reuniram-se os elementos da Organização.
– Alguém tem que esclarecer isto, é preciso fazer um comunicado – insistia uma antiga apresentadora.
– Mas nós… não temos um seguro contra incidentes destes… a ver com sapos, não? – Indaga o homem dos óculos consultando uma pilha de papeis cheias de gráficos às cores e números; nervoso, roendo lápis, uns atrás dos outros.
– Ó Zé, é preciso que alguém vá imediatamente ao palco dizer alguma coisa e dar-se início a isto de uma vez enquanto nos organizamos aqui e recolhemos factos concretos.
– Eu vou – saltou a Nela Moura Deves da cadeira, ansiosa por entrar em cena e ajeitando já o cabelo, os folhos, a boca…
– Nãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaao !! – grito geral – todos menos tuuuuu!
– Parvos… chuiff…
Nisto, ninguém ousa pestanejar, mover um músculo, respirar. E é o jovem repórter que do seu posto rompe o silêncio e confirma: “È um facto, o nosso convidado… cof.., ou não, hmmm... estimado colega e actor estrangeiro conceituado, o famoso B.Patt, de facto, virou sapo – disse.
– Ohhhh ! (aumentar o som) – espanto – e agora?
Sim, e agora? Ninguém sabia. A organização mantinha-se encolhida à porta fechada. Tinham assistido dali e esperavam ainda a reacção das pessoas que cá fora formavam grupos para discutir o assunto, se deviam ir embora ou ficar. Começaram a procurar comida, tomar qualquer coisa, mas nada.
Daquela sala não saía ninguém nem lhes dizia o que fazer. A Li Caneco ia (in)discretamente procurando posicionar-se sempre na mira de qualquer câmara que visse por perto, pelo sim, pelo não, e ensaiando poses elaboradíssimas, mas isso é ela que é mesmo assim…
– Agora não sei – disse o Director Zé E. Nariz encolhendo os ombros – não estou preparado para isto. Vejam bem: numa situação destas chama-se os bombeiros, uma ambulância ou o quê? Mas alguém sabe?
– Não olhes para mim que eu não tenho nada a ver com isto! Tinha decorado bem as minhas deixas, percebes? – Queixou-se a Nela ainda de beicinho.
O das contas vasculhava de novo os papeis e começava a roer um lápis azul que por sorte alguém deixara por ali esquecido em cima da mesa do canto. Observando-o, a senhora forte de cabelo castanho, repuxado ao alto e atado atrás com uma fita de organza amarela e bem engomada, levantou-se e disse:
– Sim, comer. E por que não, se pelo que vejo nas imagens é o que aquela gente agora quer? – Levantou-se, correu para a porta, abriu-a e foi juntar-se ao grupo mais próximo contando aos outros o que (não) se estava a passar lá dentro da sala. – Se não trinco qualquer coisa desmaio – ameaçou..
– Mas isto é incrível, então ninguém nos diz nada? – Inquiriu um dos jornalistas mais afamados da concorrência, que diz telejornais de fio a pavio enquanto escreve pilhas de livros, usando aqui um ar muito sério e indignado.
– …?! – Entreolharam-se na sala. Nisto levanta-se o director, e decidido, liga o som e dali mesmo e em directo, pede-lhe:
– Mas diga-nos você, dom Rodrigo dos Cantos, sugira-nos qualquer coisa.
– Eu? Pois, está bem, está… Olhe, eu cá por mim não sei mas perguntava à autora.
– Mas qual autora..? – Gritaram-lhe meio intrigados, meio aliviados, finalmente vislumbrando a possibilidade de existir alguém a quem passar a responsabilidade desta trama – qual, quem, onde? – Suplicavam.
– A autora disto, ora, quem mais podia ser? – Disse o dos Cantos gozando o seu momento.
– Mas qual disto, disto o quê? Por favor seja mais claro e diga-nos a quem se refere, está bem?
– Ó senhores, haja juízo e pensem um pouco, vejam: a autora desta “coisa”, meninos! Riu-se: – Desta trapalhada, que seca, que nem se bebe é nada!!
– Damned noisy things! – Desabafou enquanto virava o corpo para o outro lado da cama a ajeitar a almofada.
Eram seis menos um quarto (AM) quando finalmente poisa os pés no chão e o cérebro na caixinha dos pensamentos. Brid tinha uma hora e meia para chegar ao aeroporto e levantar voo até LA onde o esperava a sua lindíssima mulher Julinina. Anjúlia, para juntos rumarem a um país africano, provavelmente, em missão da Onu da qual ela é embaixatriz. Porém, a bordo e após terem insistido imenso com ele para que aceitasse tomar o pequeno-almoço americano, não se sentiu bem disposto e levantou-se para rapidamente ir ao wc lavar a cara. Ainda não estava bem. Teria sido o bacon que por vezes lhe causa reacções realmente estranhas, mas nunca como no momento. Que mais poderia ter sido? Lembrou-se que apesar de ter usado duas ou três pastilhas de adoçante no café, (Não faço publicidade à borla de jeito nenhum!) este lhe soubera amargo ainda. Hmmmm..
Sentou-se no lugar mais próximo que encontrou, mas de repente, ficou muito agitado, confuso e um pouco tonto. No entanto, passara-lhe o enjoo. Tentou acalmar-se – em vão. Começou a tremer, piscava os olhos e sentiu uma enorme vontade de movimentar-se, correr, pular, sei lá – dançar e apanhar um pouco de ar. E daí até ao compartimento de bagagem e equipamento, foi um salto. As pessoas aplaudiam-no pensando que ele estaria a representar: “Fixe, fixe, Brid!!“ Passou por elas, empurrou o comissário de bordo fazendo com que se estatelasse no chão. Apertou o primeiro pára-quedas que apanhara a jeito contra o corpo, pulou os dois vãos de escada até ao porão, e, abrindo a pequena porta, lançou-se para fora do avião.
Ar! Finalmente ar, muito ar, todo o ar: – “Estou no ar, iuuuuuupppy, iuuuuuupppy yaaaaa!!!!”
O Vento não queria acreditar em tal proeza e encantado por ele, apanhou-o nas mãos embalando-o no colo por um tempo. Depois, decidiu conceder-lhe uma longa e inesquecível valsa fazendo-o voar pelos quatro cantos do mundo.
Admirando tudo, com uma imensa alegria e comovido, Brid abraçou-o fortemente e muito grato.
Contou-lhe sobre o seu encontro com Julinina em LA, mas o velho Vento já um pouco cansado ou porque se passara do clima, quiçá, ao aproximar-se do anti-ciclone dos Açores, virou à esquerda e pousou-o docemente no chão, como se fora um bebé, seu neto, e, subiu, subiu até desaparecer por entre o lindíssimo amontoado de nuvens cor de rosa que haviam adormecido sobre um plácido mar estendido lá ao fundo do horizonte.
Patt estalou os dedos para se saber acordado – ou não. Beliscou-se, doeu. Sim, estava, mas não sabia onde.
Em plena Praça do Comércio! – De onde partiu rapidamente sem contudo ter traçada uma direcção precisa.
Duas ruas abaixo e perpendiculares ao Rossio, avistou um grupo de homens reunidos à porta de um estabelecimento que lhe pareceu ser um bar, uma vez que, cada um, segurava nas mãos, o seu copo. Estranhou o diminuto tamanho dos recipientes, mas, sentindo uma súbita e tremenda sede, correu para lá e pediu: “A beer please!”
– Aqui é pinga, meu! Ginja com elas, queres ver?
Divertido, aceitou o copito que lhe ofereceram e vai de gole. Apanhou-lhe o gosto e pediu outra de seguida. Às duas por três, estava lançado, e, se não fora ter avistado uma limousine rodando vagarosamente com pompa e circunstância rua acima, por ali ficaria a encher-se de ginja com conversa pelo meio que não entendera nem um pouco e decidiu seguir o carro até este parar junto a uma passadeira encarnada estendida ao longo de toda a avenida e em torno da qual, se amontoava uma massa de gente curiosa que espreitava as figuras que iam chegando uma a uma, por períodos de tempo regulados.
Com todo aquele aparato, acordou finalmente para a sua real rotina, pensando que estaria no local certo e que a sua querida Anjúlia não tardaria muito mais a aparecer e a ficar junto dele. Decidido, alargou o passo avançando para o longo tapete, a recompor o cabelo, o fato, pronto a rasgar o melhor sorriso para as câmaras e a acenar a todo aquele público que certamente também o aguardava. Foi então que sentiu um forte aperto no braço, puxando-o para trás. Voltou-se e muito espantado, deu com o enorme segurança que o impedia de passar adiante: “What?! Are you crasy man, dont you see? I’m Brid Patt!!!!
– Pois, tá bem, e eu cá sou o Xico Fininho, pá! Cá pr’a trás, cá pr’a trás meu que não te vi sair de carro nenhum e essa do inglês não pega! Ele é com cada um…
A coisa estava a ficar preta e Brid, talvez que à conta da ginja, ganha uma força brutal, solta-se de rompante e corre para a frente das câmaras onde é efusivamente aplaudido. É a loucura total! Incrédulos, os fãs gritam por autógrafos e ele, simpaticamente acede e escreve em todos os papeis, t-shirts, mãos, ombros, barrigas, costas; tudo o que lhe metem à frente e cumprimenta toda aquela gente.
O segurança não tem mãos a medir, pede reforço mas, o colega que corre agora a seu lado, tenta convencê-lo: “Deixa pá! Se não é o gajo até que é parecido, man. Pode ser um duplo, sim, mas inda assim a minha Florinda desfaz-me se não lhe levo um autógrafo. Pensa nisso!!”
– Passaste-te pá? Isto são lá tempos de se deixar passar coisas destas! Temos que revistá-lo, sacar-lhe o B.I. e essas tretas. Vamos!
– Em directo, na gala da TBI ?! E se isto é show armado p’la Nela Loura Deves, lá por coisa das ódiências ?
– Bom, fica lá então d’olho no homem enquanto tá entretido c’a caneta para eu dar um toque ó chefe… Tá lá, chefe? Passa-se assim: Tamos aqui eu com o Paiva na gala da TBI e temos um gajo na passadeira vermelha a dar ótógrafos ó pessoal que se diz ser um tal de Brid Patt – aquele lá d’Óliude, tá a ver, e a malta o que vá de fazer?
Ah… bom, ok, ok, sim chefe, tá-se, espero.
– E atão? – pergunta o Paiva.
– Temos c’aguardar que o chefe contacte directamente a organização do evento, mas que entretanto na despregues o olho nele.
Aguardo sim chefe – e diz que nestas coisas tudo é possível… – Sim chefe, aguardo – …Pois é, diz que s’inté o Zé Pastel Bronco grava um disco, também pode muito bem ser que tenham mandado vir uma réplica do actor, ou assim… – aguardo, chefe.
– Ê nã te disse? Bora lá meu, dar segurança ó homem qu’inda é a gente que se lixa!
Mas já era tarde. A euforia era tal que nem os fotógrafos e repórteres se seguravam mais. Gerara-se a confusão total, disparavam-se flashes das câmaras fotográficas, o chão estava coberto por um emaranhado de fios e as pessoas corriam, tropeçavam neles e caíam desamparadas no solo impedindo a aproximação dos guardas de serviço. O Paiva metia as mãos à cabeça, chamava pelo colega e este pl’o chefe que lhes gritava ordens que não se entendiam. Foi então que alguém com bom senso, uma rapariga, que, na fila e bem atrás do rapaz que acabava de ser autografado na testa, se chega à frente e grita ao actor: “ Watch out, Brid, please hurry up and follow me!!”
Alarmado, finalmente dá-se conta do que sucedia e obedece àquela voz que não sabia bem de onde vinha. Atira-se. A rapariga oferece-lhe a mão e uma vez mais ordena-lhe que a siga, puxando-o determinada.
As luzes e as câmaras procuram-no voltando-se agora apressadamente para o outro lado da passadeira que até há segundos se mantivera praticamente às escuras. Levam um tempo de vantagem e então correram os dois o mais que podiam. Nesse momento, todos os olhos se fixam automaticamente no ecrã gigante montado na fachada principal do edifício, no qual, somente passavam vultos e sombras esbatidas a uma velocidade incrível, caras desconhecidas, tal era o desatino geral e a pressa dos operadores em descobri-los.
Já um pouco afastados da multidão e perto da esquina, a tomar fôlego e todo o cuidado, a mulher abranda por um pouco a corrida, antes de se decidir dobrá-la. A rua está quase deserta e pouco iluminada.
– Podemos ir – assegurou-lhe ela – e não tarda estarás em segurança, prometo-te.
Brid suspirou aliviado e sorriu-lhe. Passou novamente a mão pelo cabelo, fez o mesmo com o dela, ajeitando-lhe a teimosa madeixa negra caída sobre um dos seus olhos. A rapariga deu-lhe o braço e sugeriu que seguissem como se fossem dois amigos em passeio. Rindo, atravessaram por fim a rua. Em tom de sussurro, ela informou-o de que estavam quase a chegar. Contudo, a uns cinquenta metros adiante, depararam com um inesperado carro de exterior, cuja equipa estaria ali a postos para qualquer eventualidade, como esta boa hipótese de surpreendê-los, se é que já estariam informados sobre o seu caso.
– Pode ser que não – apostava ela optimista, fazendo-o parar enquanto fingia apertar um sapato para observar o grupo em acção.
Um jovem repórter aproximara-se de duas senhoras e perguntava-lhes se estariam a caminho da gala da estação de tv para assistirem à chegada dos artistas.
– Podemos passar. Agora! – Determinou ela voltando a dar-lhe o braço com o ar mais descontraído que conseguiu. Brid concordou, até que um pouco para o divertido.
– Também és actriz? – Noutra ocasião ela teria rido alto com gosto, mas limitou-se a abanar negativamente a cabeça, assumindo o papel de sua protectora.
– Não, nem de telenovela – piscou-lhe um olho convidando-o a adivinhar sobre a sua pessoa e profissão – não tenho o mínimo talento nem vocação – afirmou.
– Então estou finalmente nas mãos da fã que jurou raptar-me! – riu – polícia, ó da guarda!
As gargalhadas em uníssono foram inevitáveis chamando a atenção dos transeuntes sobre eles. As duas senhoras deliravam ainda com a entrevista: que estava tudo muito lindo, que logo que chegou o primeiro famoso desligaram o aparelho e saíram de casa para se irem plantar atrás do cordão dourado e já mandavam “jocas” aos netos, primas e tal, mas, o jornalista depressa as abandonou voltando-se para eles.
– Um cigarro – lembrou-se a rapariga. Acendeu um rapidamente e apressou o passo – vem, baixa a cabeça, olha para o chão e não pares, não pares.
– Um cigarro..?! – Olhou-a espantado – em vez de corrermos vais fumar agora?
– Claro, se fores uma pessoa vulgar e não estiveres para responder a umas perguntinhas de rua, acredita que nada é mais capaz de afastar uma câmara de televisão que um fumador, hum? Nós somos gente comum, não há aqui estrelas, ok?
– Certo, espertinha…
Mas desta vez e com efeito, não ia resultar. O jovem repórter confirmava as suas suspeitas e aguardava ordem, o tempo e condições para entrar no ar. A rapariga tentou persuadi-lo de um possível engano puxando a atenção para si, para o fumo que propositadamente lhe soprara na cara mas sem sucesso e em dois tempos decidiram fugir.
Tarde demais. Do outro lado da rua, o operador da câmara avançava com a máquina começando a filmar e no grande ecrã, já a imagem de B.Patt surgia em primeiro plano.
Brotavam todas as questões: Por que estaria ele em Portugal e mais propriamente na Gala da Tê Bê I, por que se encontrava ali sem a sua Julinina, sobre quem seria a rapariga, se o casamento teria terminado e assuntos afins…
Neste entretanto, a rapariga atirara distraidamente o cigarro fora, centrada em procurar maneira de saírem dali, e esse, foi rolando, rolando pela berma da estrada abaixo até chocar com um dos grossos cabos eléctricos desordenadamente espalhados pelo chão. Pouco tardou e sentiu-se um ligeiro cheiro a borracha queimada mas ninguém ligou.
Por falar em “ligar”, e assim que o técnico de luz prime o interruptor de um dos focos principais, dá-se um curto-circuito provocando uma pequena e primeira explosão. Depois a segunda durante a qual, a luz se torna tão intensa e impossível de se suportar que faz com que todos se sintam obrigados a tapar os olhos. Soltam-se faíscas de todos os lados e há quem pense que finalmente a festa começará de imediato com um imponente fogo de artifício. Não se diz coisa com coisa (mas isso é normal nestas andanças), ninguém sabe mais por onde começar, para onde ir, correr ou sentar a não ser a rapariga que, ainda atenta, observa que um dos fios bem próximo de B. Patt está prestes a arder e que ele corre o risco de ser atingido por uma chuva de grossas faúlhas que voam já na sua direcção. De um salto, atira-se para a sua frente de braços e mãos abertas pronta a protegê-lo como pode. Dá-se um enorme clarão, alaranjado, ouve-se um grito e a rapariga tomba instantaneamente no chão.
Por instantes faz-se noite no recinto e cai um silêncio profundo sem que contudo a maioria das pessoas entenda muito bem a que se deve. Há som, algumas câmaras estão operacionais e no ecrã vão já desfilando algumas caras conhecidas e ao acaso.
– Ah, isto está demais, demais, adoreeeii, chiquérrimo! – Diz o Zé Pastel Bronco realmente impressionado – mas como é que J.Tôlo não se lembrou de vestir-me de páraquedistaaaaaa…, está a ver…?
Após alguns acertos e de novo, todas as atenções se voltam para lá.
Brid encontra-se no centro daquele pequeno grupo reunido ainda ali sem terem tido tempo para mais que para o desmantelamento dos equipamentos a serem agora trocados por outros. O jovem repórter mantém-se em serviço mas é o primeiro a socorrer a rapariga ainda estendida no alcatrão. Procura levantar-lhe a cabeça e oferecer-lhe um pouco de água. A pouco e pouco recupera os sentidos, procura pronunciar uma palavra. Brid baixa-se e estende-lhe a mão que ela recusa pretendendo levantar-se por si só e dizer-lhe qualquer coisa que não se percebeu.
– Deixa-me ajudar-te, dá-me a tua mão, vá – segura-a e com alguma força, puxa a rapariga contra si. Já de pé, sente-se ainda um pouco tonta e confusa e Brid ampara-a carinhosamente mantendo a mão dela apertada entre as suas. Inclina-se e ao de leve, assenta-lhe o mais terno e grato beijo, dizendo: “thank you, salva-vidas desmiolada!”
É nesse preciso momento que acontece o inconcebível, espantoso e terrível facto: O actor vira sapo.
(Claro que era aqui. E claro, que não foi surpresa nenhuma. Tinha que ser, mais tarde ou mais cedo e então, por que esperar? Pronto, já está)
Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh !! – É o susto geral.
Olhos esbugalhados, uma multidão boquiaberta. Uns chorando enquanto outros rindo, começavam a acreditar que é espectáculo – é espectáculo, é magia, só pode ser! – Grita um grupo divertido aplaudindo muito, muito.
– Viva, viva Tê Bê I ! – E mais palmas e suspiros – que isto está em grande, sim senhora!
Alguns concordam e esperam a aparição do “nosso” mágico Muis Latos, ou… ou será que também mandaram vir e em vez, o “Di” Copafild? – vá-se lá saber.
Numa sala à parte, algo atrapalhados, confusos e já para o assustados, reuniram-se os elementos da Organização.
– Alguém tem que esclarecer isto, é preciso fazer um comunicado – insistia uma antiga apresentadora.
– Mas nós… não temos um seguro contra incidentes destes… a ver com sapos, não? – Indaga o homem dos óculos consultando uma pilha de papeis cheias de gráficos às cores e números; nervoso, roendo lápis, uns atrás dos outros.
– Ó Zé, é preciso que alguém vá imediatamente ao palco dizer alguma coisa e dar-se início a isto de uma vez enquanto nos organizamos aqui e recolhemos factos concretos.
– Eu vou – saltou a Nela Moura Deves da cadeira, ansiosa por entrar em cena e ajeitando já o cabelo, os folhos, a boca…
– Nãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaao !! – grito geral – todos menos tuuuuu!
– Parvos… chuiff…
Nisto, ninguém ousa pestanejar, mover um músculo, respirar. E é o jovem repórter que do seu posto rompe o silêncio e confirma: “È um facto, o nosso convidado… cof.., ou não, hmmm... estimado colega e actor estrangeiro conceituado, o famoso B.Patt, de facto, virou sapo – disse.
– Ohhhh ! (aumentar o som) – espanto – e agora?
Sim, e agora? Ninguém sabia. A organização mantinha-se encolhida à porta fechada. Tinham assistido dali e esperavam ainda a reacção das pessoas que cá fora formavam grupos para discutir o assunto, se deviam ir embora ou ficar. Começaram a procurar comida, tomar qualquer coisa, mas nada.
Daquela sala não saía ninguém nem lhes dizia o que fazer. A Li Caneco ia (in)discretamente procurando posicionar-se sempre na mira de qualquer câmara que visse por perto, pelo sim, pelo não, e ensaiando poses elaboradíssimas, mas isso é ela que é mesmo assim…
– Agora não sei – disse o Director Zé E. Nariz encolhendo os ombros – não estou preparado para isto. Vejam bem: numa situação destas chama-se os bombeiros, uma ambulância ou o quê? Mas alguém sabe?
– Não olhes para mim que eu não tenho nada a ver com isto! Tinha decorado bem as minhas deixas, percebes? – Queixou-se a Nela ainda de beicinho.
O das contas vasculhava de novo os papeis e começava a roer um lápis azul que por sorte alguém deixara por ali esquecido em cima da mesa do canto. Observando-o, a senhora forte de cabelo castanho, repuxado ao alto e atado atrás com uma fita de organza amarela e bem engomada, levantou-se e disse:
– Sim, comer. E por que não, se pelo que vejo nas imagens é o que aquela gente agora quer? – Levantou-se, correu para a porta, abriu-a e foi juntar-se ao grupo mais próximo contando aos outros o que (não) se estava a passar lá dentro da sala. – Se não trinco qualquer coisa desmaio – ameaçou..
– Mas isto é incrível, então ninguém nos diz nada? – Inquiriu um dos jornalistas mais afamados da concorrência, que diz telejornais de fio a pavio enquanto escreve pilhas de livros, usando aqui um ar muito sério e indignado.
– …?! – Entreolharam-se na sala. Nisto levanta-se o director, e decidido, liga o som e dali mesmo e em directo, pede-lhe:
– Mas diga-nos você, dom Rodrigo dos Cantos, sugira-nos qualquer coisa.
– Eu? Pois, está bem, está… Olhe, eu cá por mim não sei mas perguntava à autora.
– Mas qual autora..? – Gritaram-lhe meio intrigados, meio aliviados, finalmente vislumbrando a possibilidade de existir alguém a quem passar a responsabilidade desta trama – qual, quem, onde? – Suplicavam.
– A autora disto, ora, quem mais podia ser? – Disse o dos Cantos gozando o seu momento.
– Mas qual disto, disto o quê? Por favor seja mais claro e diga-nos a quem se refere, está bem?
– Ó senhores, haja juízo e pensem um pouco, vejam: a autora desta “coisa”, meninos! Riu-se: – Desta trapalhada, que seca, que nem se bebe é nada!!
(Continua...)
Por Malu de A Capela
Uaaaaaaaaaaaaaaauuuuuuu!!!!
ResponderEliminarMalu, Malu, Malu, Malu!!!!
AAAAAAAAAAHHHHHHHHHH!!!
Ena, ena, ena...
Mas olha lá, ainda existem "lápis azuis" lolololol
Estou simplesmente biquiaberta!
Parabéns Maluzinha, fico na expectativa do desfecho!
Um grande beijinho de parabéns, outro de saudades e outro de grande amizade
Cátia linda!
ResponderEliminarQuem é que imaginaria um sucesso assim?!!!
Estou ansiosa por ler o teu...
andas a fazer muito suspense!
Um grande, enorme beijinho
Malu querida,
ResponderEliminarBem sabes que me surpreendeu imenso o facto de me teres enviado uma estoria. Andas paradita com o teu blog mas caladinha lá foste escrevendo o "Conticho". :D Sabes o orgulho que é para mim ter esta estoria no meu canto, principalmente por tudo o que está por de trás dela... Mas sobre isso já falámos, e como diz o outro, isso agora nao interessa nada... eheh
Não li a estoria toda, queria acompanha-la por aqui, pelo ticho, tambem. Mas a verdade é que com esta primeira parte já nos deixaste muita agua na boca... E até porque aqui nao se come nada... eheh.
Fico, tambem eu, à espera ansiosamente da continuação... Porque sei que ainda há panos para mangas... ;)
Obrigada por tudo querida...
Beijinho mt grande e um abraço bem apertado
Querida Fa,
ResponderEliminarFicaste boquiaberta? Mas olha que eu tambem quando recebi... Um pouco mais do que isso, mas isso agora nao interessa nada... Quem diria a nossa Maluzinha a fazer-me esta surpresa? Como eu lhe disse, "Sempre a surpreender..." eheh.
Quanto a minha estoria, não está nada de especial, por favor nao cries espectativas... Depois de tantas estorias, tao boas... impossivel fazer melhor. Suspense? Nao, apenas decidi que a minha ficaria para o fim, fica tipo "carro vassoura"... lol.
Quem imaginaria?! Eu nao... Como sabes, o desafio foi uma ideia louca que me passou pela cabeça... E vá la no deu. Estou muito feliz, e muito orgulhosa de todos vós.
Beijinho mt grande
Este desafio continua a surpreender!! Já viram a quantidade de estórias?? E o quanto são diferentes, mesmo tendo o mesmo "cenário" como inspiração?
ResponderEliminarBem... em primeiro lugar parabéns à Malu pela estória! Grande enredo.. Tem uma acção com muito movimento, o que faz com que seja lida bastante rápido, captando a atenção do leitor...
Fico a aguardar pela continuação!
Beijinhos!
Parabéns mana pelo desafio! A minha vénia :P
Malu,
ResponderEliminartenho-me fartado de rir. Está uma delícia, um espectáculo! Muitos parabéns! E aguardo ansiosa pelo resto!
Beijinhos
Cátia,
ResponderEliminarEstava a custar-me tanto estar calada contigo eh eh Foi aos soluços mas veio, que achei
desde logo
irresistível este desafio! Obrigada por teres alargado o prazo :p
Fá, Fá, Fá,
Lápis azuis? Agora que perguntas... Jarras, tecidos, escovas de dentes, etc., sempre azuis :o agora que falas disso, descubro essa careca em mim eh eh
Olha espera..outra: De facto (mas isto n era supost ser confissões) reparo que compro caixas de láis de cor, mais do que devia, e... lá estão sempre os azuis mais curtinhos :o
Está aí algum psico?
Beijos: amigos, de saudades, gratos e de parabens ou julgas que não li já o teu?
Já lá vou ;)
Patrícia,
Mas que simpatia, obrigada!
E tem razão quando se refere à variedade de temas e ao feed back deste desafio. Preocupo-me um pouco e pergunto se com o andar com que vai, tanta história a chegar, se voltaremos a ter posts da Cátia ou se terá que abrir outro blog.. Uii Cátia, parabens eh eh
À Cris, outro bj dicertido e agradecido pelo que me fez rir com o fim daquele pobre sapo eh eh eh
BJS!
Eu cheguei atrasada à gala, mas cá estou!
ResponderEliminar:) Grande imaginação!
Até já ou até mais logo ali no post de cima! :)
Parabéns à autora, que sem duvida é a culpada, e ainda bem!