sexta-feira, setembro 28, 2007

Procura-se um amigo...

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.

Vinicius de Moraes

segunda-feira, setembro 24, 2007

Aninha...


Cheguei a casa depois de uns dias fora. Estava cansada e com um pouco de sono... Quando entrei veio ao pensamento uma carta.. "será que chegou?" Mas depois de entrar em casa vi que não havia nada de novo... Mas quando cheguei ao quarto os olhos viraram-se logo para a cama, havia algo de diferente. Olhei e sorri... Um envelope, tamanho A4 aguardava-me. Olhei para remetente apenas para confirmar, apesar de ter a certeza... Deixo-o ali durante mais alguns minutos. Após aquelas conversas tipicas de quem chega de viagem: "Como correu?", "Que fizeste?", "Como foi?", etc., voltei ao quarto com a certeza que agora seria o momento. Fechei a porta, sentei-me na cama e comecei a minha viagem. Sabia qual o conteudo... Abri o envelope e vi uma revista e outro envelope. Abri e vi folhas e outro envelope. Começou a minha procura incessante... "Quem será? Como será?". A procura era frenética, mas não encontrava nada para além de folhas e mais folhas... A desilusão já estava a apoderar-se dos meus pensamentos, quando finalmente vi a foto... "A minha afilhada!! É uma menina...." Fiquei ali, a contemplar a foto, e a ler toda a informação... Li tão rapido que nem consegui captar. Voltei a ler... E apaixonei-me imediatamente.

Já por diversas vezes, falei aqui sobre a necessidade de ajudar. Mas torna-se mais facil falar teoricamente do que ajudar realmente. Pois bem, decidi passar a prática. Já escrevi aqui por diversas vezes sobre o Apadrinhamento à distância, levado a cabo pelo CCS Portugal - Centro para a Cooperação e Desenvolvimento (associação sem fins lucrativos para o desenvolvimento). Esta é uma forma de poder apadrinhar uma criança de Moçambique, Zâmbia, Angola ou Nepal, ajudando-os financeiramente, contribuindo para que tenha uma vida melhor. Após alguma reflexão e pesquisa sobre todo o processo, candidatei-me a madrinha de uma criança... E chegou agora a informação!

Foi assim que conheci a Ana, ou Aninha como é carinhosamente chamada pelos familiares. É uma menina linda de 11 anos, timida e serena... Tem 3 irmãos e 1 irmã, e vive com a mãe (porque o pai faleceu com malária) numa casa feita de materiais locais, na Ilha de Moçambique, que se situa a norte, a cerca de 180 Km de Nampula. A Aninha, encontra-se de boa saúde, anda no 3º ano da escola primária, e fala português. E a partir de agora é minha afilhada!! Pagar-lhe-ei o sustento completo: condições de saúde, alimentação e o ensino.

Senti de imediato uma felicidade imensa, e as lágrimas subiram-me aos olhos... A felicidade permanece e sei que ficará. Estou feliz pela minha atitude, mas ainda mais feliz por ter a Aninha na familia.

quarta-feira, setembro 19, 2007

Desabafo...


Durante todos estes anos, muitas foram as vezes que precisei de ouvir um "adoro-te" ou sentir um abraço apertado... Precisei de sentir algum aconchego e precisei de um minuto de atenção. Saber que me ouviam e que prestavam atenção no que dizia... Mas esse adoro-te não chegava, o abraço, o aconchego e a atenção também tardavam... É verdade que também sempre me fechei... Fechei-me para os meus pais, para o meu irmão e julgo que muitas vezes até me fechava para as minhas amigas... Mas num certo momento, as coisas mudaram... aliás, acho que tudo mudou! Entraram pessoas na minha vida sem eu esparar e com quem estabeleci um verdadeiro encontro de corações... Criaram-se laços que perduram, muito para além do tempo e do espaço... Veio o carinho, veio a atenção, o adoro-te...e já veio o abraço e o aconchego também.

Vivi recentemente momentos maravilhosos que quero guardar em mim... Foram momentos felizes e de grande partilha... Partilha de carinho, de momentos, de sentimentos, uma partilha pura e sincera... Momentos em que parecia que o tempo tinha parado e que o resto do mundo não existia. Para mim, existiam apenas aqueles instantes, aquelas pessoas, aqueles lugares... Para mim aquilo era tudo, e o resto era nada. Mas o tempo, aquele que para mim não existia, foi passando e fui puxada repentinamente para a realidade... Fica a saudade do toque, do cheiro, das vivencias... Fca a saudade de tudo...

Poderão chamar-me carente... Pois é, se calhar sou... Costumo dizer que "sou uma piegas mascarada de durona", não choro, e supostamente não ligo a nada... Entro, saio, e ninguém dá por mim... Muitas vezes tenho até a sensação de sombra... Mas na realidade não sou nada assim, as coisas dentro de mim não acontecem dessa forma. Muitas são as vezes que "choro para dentro", que sinto as lágrimas a cairem no coração... Outras vezes sinto o coração tão pequenino que chego a duvidar que ele ainda existe... Magoo as pessoas que me rodeiam, e a ausência de carinho faz-me sangrar...

Hoje choro, as lágrimas caem duas a duas... Porque choro?? Não sei bem... Se calhar porque tenho saudades de tudo o que tive naqueles dias... Ou se calhar porque vejo agora o que nunca tive...

sábado, setembro 15, 2007

De mãos dadas...



Ouço a melodia que toca em mim...
Voo, sem ter asas,
Vejo-te, de olhos fechados,
Sinto-te, estando sozinha,
Quero-te, estando longe.

Momentos que acontecem,
Sorrisos que se desenham,
Carinhos que se tocam,
Mãos que se dão,
Abraços que se entregam
Sentimentos que se sentem...
O tempo que pára.

Cada gesto
Tranforma em si um sorriso,
E a ausência
uma lágrima sofrida
Que não consigo
Esconder de mim...

quarta-feira, setembro 12, 2007

Já está...

Hoje foi um dia importante. Pude finalmente concluir o que havia para concluir. Neste momento sinto-me livre!! Sei que sou livre apenas por alguns dias, mas sabem-me bem... muito bem!!

Ando a precisar de descanso, de aliviar a cabeça. Preciso sair daqui... Nada melhor que descansar e divertir com os amigos, nao é verdade? Pois bem, é o que farei nos proximos dias... Irei... sorrirei, festejarei... irei aproveitar o melhor possivel de pessoas que me são muito especiais.

Até breve!
Beijinhos e um abraço para todos
CA.

quinta-feira, setembro 06, 2007

página 161



A Carracinha Linda, a Marta, a Patrícia, e a Sofia desafiaram-me e cá estou eu a responder... Eu deveria:

Pegar no livro mais próximo; Abrir na página 161; Procurar a 5ª frase completa; Colocar a frase no blog; Não escolher a melhor frase nem o melhor livro (usar o mais próximo).

Nunca pensei que este desafio se tornasse tão complicado... Sim, é verdade, complicado!! Primeiro livro - o mais próximo: não tinha 161 paginas. Segundo livro: tinha uma imagem nessa página!! Terceiro: nao tinha 5 frases nessa págin!! Próximos... hum... livros de José Saramago e por isso impossível de contar frases.. Depois outros com menos 161 páginas... Bem, estava a tornar-se complicado... Fui a estante e escolhi criteriosamente o livro, não a frase mas não queria continuar na busca em vão... Ao fim de tantos livros, lá achei um com mais de 161 páginas e com mais de 5 frases nessa página...

O livro chama-se "Se isto é um homem" de Primo Levi. Este livro retrata os tempos que ele passou nos campos de concentração: primeiro em Fòssoli e posteriormente em Auschwitz.

Ora aqui vai...

"Normalmente não se trata de coisas muito elevadas: o trabalho, os companheiros, o pão, o frio; mas há uma semana para cá há algo de novo: Lorenzo traz-nos todas as noites três ou quatro litros de sopa dos trabalhadores civis italianos"

Aconselho-vos o livro... ainda nunca o li na totalidade, por falta de tempo, mas acho que é bom ler outras realidades...

Desafio respondido... Sintam-se todos desafiados!! E boas leituras...