Ana levantou-se com uma estranha impressão na perna. Coxeava e tinha um leve ardor. Não se lembrava da noite anterior nem de parte do seu passado. Como de costume foi para colégio. As freiras fizeram um comentário sobre a sua postura na aula: Longinqua, alienada, de mente afastada, quase de corpo ausente. Mais um dia terminou e voltou a casa, jantou no orfanato, e à noite saiu para o clube. As noites negras e que tanto adorava eram a sua única razão de existência, tudo o resto eram apêndices. Os encontros com Jaime, seu amante e mentor, foi o quem a integrou na seita. Os rituais fascinavam-na e cada vez mais dependia deles para entrar em transe e escapar por momentos da sua vida modesta e mesquinha. Chegou a casa às tantas, continuava a coxear, deitou-se com Jaime e adormeceu esgotada mas deleitada.
Quando acorda tem uma espécie de gelatina sobre a boca e os olhos, quase não os consegue abrir. No banho tenta retirar o visco que a cobre. No joelho uma força estranha, uma dormência, uma energia bizarra a cobre, um caldo antigo e primordial sobre a rótula. No médico: "um caso raro"; "é pra ser fotografada"; "não vamos lancetar a coisa"; "Esperemos a evolução!". É medicada com drogas especialmente para doentes crónicos e casos de maleitas hiperactivas. Volta para casa a flutuar. No dia seguinte estava imóvel e vegetal sobre a cama. Um sorriso nos lábios disformes que se decompunham, os olhos gelatinosos desfaziam-se, por ciam dum joelho um girino desenvolvia-se sobre a epiderme. Por dentro do corpo a espinal medula ligava-se à perna esquerda, a respiração não era feita pela traqueia, mas sim por orificios junto à coxa. os lábios colam-se a face implode aos poucos, o cérebro deixa de funcionar. O girino desenvolve-se agarrado ao corpo. Utiliza-o para se deslocar. Numa ultima tentativa os médicos acham o fenómeno bizarro mas esperam mais desenvolvimentos, e através de cirurgia plástica reconstituiem-lhe a cara. Apesar disso os electro-encefalogramas acusam morte cerebral, as ligações sinapticas cortadas, a ligação motora interrompida. Quem controla o corpo como uma marioneta é Jack, O Sapo. É assim que se chama, e chegou para ocupar o seu lugar na carteira de Ana.
Torna-se o melhor aluno, já ninguém estranha o sapo no corpo, apenas sentem que Jack se devia livrar daquela carcaça. Mas Jack sente-se bem, acaba o colégio com excelentes notas e forma-se em direito. Jaime mantém uma relação com Jack, assumem-na perante todos e abrem um escritório de Actividades Juridicas no centro da cidade. São felizes finalmente.
Por zeroz do Apontamentes
LOL
ResponderEliminarQue imaginação!!!
Gostei. É muito original! :)
Parabéns à/ao Zeroz.
Beijo
vai la vai...ate cai po lado!!!
ResponderEliminarÀ laia de Kafka! lol
ResponderEliminarobrigado. Marta: é aos zeroz, são dois o b. e o z.
ResponderEliminarJituz.
Ganda Flash mô! EStes bacanos que escreveram esta estorinha são mesmo geniais!
ResponderEliminarmas quem são?
Onde andam?
Que fazem?
Meu Deus, Minha alma está parva!
Parabens pela estoria e obrigada pelo contributo neste desafio... :)
ResponderEliminarbeijinhos
DE nada ! e que venham mais desafios!
ResponderEliminarbeijitu e xi
Fogo! A isto é que se chama imaginação!!!
ResponderEliminarParabéns aos zeroz!
Beijocas!