sábado, agosto 30, 2008

Malmequer..


Por vezes não damos importância ao momento, não damos importancia ao que sentimos, não dizemos "gosto de ti" as vezes suficientes às pessoas de quem gostamos realmente. Às vezes deixamos que um pequeno gesto, um sentimento mais egoista, deixe uma impressão errada, deixamos que nos afastem das pessoas que mais gostamos...

Hoje recebi um mail de uma dessas pessoas dizendo que tinha passado um mau momento de saúde. Veio-me um aperto ao coração e as lágrimas aos olhos... E se tudo tivesse ficado por ali? Não lhe tinha dito vezes suficientes o quão é importante para mim e quão me faz falta a sua presença na minha vida. Nunca lhe teria dito que penso muitas vezes nela e que lhe desejo o melhor que a vida lhe pode dar...

Hoje digo-te do fundo do meu coração que te adoro imenso, minha querida. Sei, ou espero, que saibas tudo isto, mas será que te disse vezes suficientes?

Rezo por ti com toda a minha fé. Por favor, por ti por nós, que tanto gostamos de ti, agarra-te à vida e ao teu Gostar de Viver...

Uma Estória (10)


A noite já vai alta, mas para ela pouca diferença faz, está acostumada a deitar-se tarde, mas esta noite não tem intenção de ir dormir.
Esta noite acendeu três velas no velho castiçal de família, tinha um carinho especial por ele. Era daquelas relíquias que vão passando de mãe para filha. Gostava de pensar que aquele castiçal tinha séculos de existência, que tinha pertencido a parentes importantes, talvez até da nobreza, na altura em que Portugal ainda era uma monarquia.
Nunca percebeu muito bem porquê, mas gostava de ver as velas arderem naquele velho castiçal cheio de história, gostava de ver as chamas dançarem ao som de uma melodia muda. Lembrava-se de que em criança passava horas a olhar para as velas, na noite de Natal, quando a sua mãe as acendia no castiçal.
Hoje não é natal, mas ela também já não é criança e a mãe também já não é viva, faleceu à dois anos num horrível desastre de automóvel.
Estamos no inicio de Janeiro e um frio intenso veste as noites, mas ela não sentia frio, não sentia nada. Sentada no chão olhando as chamas, a sua mente era assaltada por todas as suas memórias, por todos os seus fantasmas, por todos os seus medos e ela via tudo isto desfilar à sua frente como se ela própria fosse alguém de fora, como se estivesse a assistir um filme num cinema.
Não consegue evitar, ela precisa destes momentos, são momentos só dela em que pode meditar à vontade, rever toda a sua vida, todos os seus sentimentos.
Acompanhada pelo seu velho castiçal entra no mais íntimo do seu ser, nas profundezas da sua existência, enquanto lá fora, todo o Universo dorme tranquilamente.

Por Metódica do Método

sexta-feira, agosto 29, 2008

Uma Estória (9)


Aborrecente(1)

Cheguei a casa por volta da 1. Eu sabia que o que te tinha prometido era outra coisa, mas não me digas que acreditaste quando fiz o meu ar angelical e te disse:
"Vou só a casa da Joana ver o quadro novo que ela está a pintar, venho antes das 11."
Se tu me entendesses eu escusava de te mentir, mas não, tu insistes em tratar-me como se eu fosse uma miúda. Não vês que eu tenho quase 16 anos?! Há até quem me dê já 17 ou 18. Agora que estou de férias tenho que aproveitar, além disso queria vestir as calças novas e o top. Fiquei mesmo gira.

Só tu é que não vês que os rapazes passam a vida atrás de mim e as raparigas também, ou isso, ou roem-se de inveja. Não percebes mesmo nada. Parece que paraste no tempo. Um tempo que deve ser o século XVIII ainda à luz de velas. És tão aborrecido. Os pais das minhas amigas são muito mais modernos que tu. Até tenho vergonha de dizer que és tão chato. Tenho e não digo. Era o que faltava, que soubessem que ficas à minha espera todas as vezes que eu saio para o sermão do costume e o castigo... Como se adiantasse. Eu fujo pela janela! Patético!
Tu estavas à minha espera, como eu previa.
"Isto é que são 11 horas? O que é que estiveste a fazer até esta hora?"
"Desculpa, mas distrai-me com a Joana e perdi a noção das horas." – desculpei-me. Acho que já não caís nesta, mas não custa tentar!
"Fartei-me de te ligar... tinhas o telemóvel desligado."
"Fiquei sem bateria..." – Lamentei-me.
Nem sei quanto durou o sermão sobre os perigos da noite, mas foi tanto, que deu para eu viajar no tempo. Encarnei uma princesa fashion, a ser entediada de morte. Tu não paravas:
"Crruac, crruac, crruac..."
E eu, a viver a estória da princesa aprisionada numa masmorra vazia, com o sapo repetitivo como guardião... como no quadro da Joana, que eu tinha visto no dia anterior, mas claro, eu sou muito mais gira!

Por Marta do Conto Aqui

(1) - [Nota da autora]: Aborrecente é o nome que dou a uma fase da vida pela qual todos passamos. Eu também fui um bocadinho aborrecente... um bocadinho grande.

quinta-feira, agosto 28, 2008

Uma Estória (8) [One Story 8]


Is this a lesson?...

The winter came soon, as expected, and eventually it knocked on the door... Showing that it had no time to lose, it undressed on the whole all the trees that still had one or two leafs...
The winter, in its anger, spent the days tormenting the country side; tearing at old stone cottages, watching them weep crumbling pebbles and it kept the nights company with violent storms that shook all of California...

It was a day like many others... During the night the deafening storms didn't let me sleep... They broke every attempts… Even the old technique of counting sheep...

When sunrise I ran directed to the window, breathing a sigh of relief by knowing that all of that waiting had just finished.

With the forefinger I started to write some small words on the window that was totally steamy.
I had emigrated to that state some months ago. Some people say that this act was just a way to get away from my responsibilities… other ones say that it was simply to call the attention of the ones who were around me… Details aside, the truth is that the homesickness was being gradually felt inside, and the need of hearing that unique friend's voice was already being felt, too.

Maybe, to see a “Good Morning” outlined on the window of my small and modest bedroom would comfort me a little bit, even knowing that it was drawn by myself…
At the end of stare the word on the steamy window for some minutes, the curiosity to know what was in the other side of the window, made me put my hand over my "good morning" making it slowly fade away...

I peer though the misted glass at the outside. The snow was smooth over the landscape, seeming more like a way of seeing the world that actually something. I felt sorry for the trees which were tapped outside looking in at me, fighting against the cold. I hate to think of being out there, fighting my way through the snow, ice cold winds slapping me in the face, my feet cruching through the snow, my head down…

A big part of my days were shared with two homeless I met when I arrived at San Francisco International Airport. Two splendid people, I must say… They helped me adapting to that new city, so different of mine, showing always being ready to help with whatever I needed.

Ben and Matthew were two young Californian guys, natives of San Francisco. I’ve never understood what had happened with them to live in that way… They simply answer me that it was a subject of the past and they didn’t want to return there again… They added that they liked the starry sky and barely they would abandon it for one night… Both of them had an extraordinary vision of the life, a wonderful believe, a sincerity like I’ve never seen before... I felt myself safe in the presence of those two star lovers…

Although I saw on them two splendid and unique people all over the world, the society in general, didn’t see or feel the same thing…

Both Ben and Matthew didn’t have a very good reputation in that city… But they were very famous through it…By the simple movement executed by themselves, various eyes observed them… Glances that expressed distrust, fear,… They were judge and discriminated all the time only because they dressed jeans full of holes and their roof was the sky…

On that day… On that cold one… Ben and Matthew challenged me to stay in their “house” that night… I thought about that and the idea seemed a bit crazy, but exciting at the same time… So I decided to accept the invitation…

The night was cold and clear, I wrapped myself tightly in a coarse woolen blanket. We spelt the nights huddled together in a small place surrounded by cardboard boxes. It was dark and damp, but I felt safe. I looked up at the sky, it was pin pricked with stars. I sighed, and shut my eyes trying to get to sleep.

At the dawn of the day, the quick steps of someone woke me up… Wet by the rain and with cold inside, I sat on the floor and I looked around to observe what was happening.

It was a girl… I caught sight of her, running and saying some incomprehensible words between some drips and drabs, in the end of the street. The foggy and the distance didn’t let me see her face, but that wasn’t very important… I haven’t met many people in the city, yet. I was so sure that I wouldn’t know her if I saw her face...

However, to see a girl down, touched me inside… but what could I do?? I was just a trouble maker, always creating problems wherever I went… How could I help without creating more trouble?

Anyway, my instinct made me to get up and walk through the street accompanied by the tears of the sky which seemed to empathize with what the girl was feeling. Both in a perfect harmony...

Following the girl I ran through the fields, I climbed the mountain, until I didn’t see her anymore… I wouldn’t give up… To do all of that way for nothing wasn’t near of my options at all… I go on walking, looking for something that could give me a lead to find the girl.

Eventually, I got a glimpse of a house… It was the biggest and the oldest house I’ve ever seen. It seemed like a castle… There was a big space around it, where I guess that have existed a beautiful garden so many years ago…

While I observed the old mansion, depressed shrieks of a female voice came from the inside of the house…

Fear… Adrenaline rising… I only wanted to get out of that monstrous place… To run away to somewhere I could feel safe… And without thinking, I started to run back to the city… Shots were heard… Did someone hear my steps and want to catch me? The more I heard… The more I ran…

Finally I arrived to the garden… To the “house” where I stayed that night… There were my two star lovers… The only people I needed in that moment… They were gathed around me, asking questions I think, although even though they were so close and voices so persistence, I heard nothing, I was too busy replaying what had just happened in my mind. I sat there, expressionless. I was so confused, I felt so bad, so cowardly… “How was the girl at the moment? Dead?... Maybe…” I couldn’t think of anything else… This subject alone was making a terrible storm inside of myself... I should have done something, instead of running away… One more time, I acted as that bad, cruel human being, only thinking about myself and not caring about anything else around me…

Ben and Matthew where more and more restless with my silence…
Ben looked at me,
"You're not talking, what's wrong?" his deep smooth voice glided through the air, I found it comforting, however I said nothing. Matthew leant forward,
"You can tell us, you know." I looked into his eyes, his voice was lighter, almost bird like and did not have the soothing qualities of Bens, nevertheless it made me feel just as welcome. I slowly began to tell them...

Ben and Matthew got so surprised. They have already heard so many stories about crimes there, but none of them included a strange house with the description I did.
"Do you think we should go to the police" I asked Ben.
Ben looked troubled and rubbed his brow. His vision drifted to the floor for a moment, his face relaxed in absent minded thought. He turned back to me.
"No," he said, "the police ignore such reports, they think they are merely ghost stories."
“We can do it on our own… We can go there with you again if you feel better with that…” said Matthew agreeing with Ben.
“No! I don’t want... I just want to rest a bit... May I stay with you both again this night?” I answered stammering and expressing fear in my eyes.

Matthew nodded and smiled at me,
"Good idea, sure you can stay", however Ben was looking restless, his thoughts on other things, "sure she can stay, right Ben?" Ben was forced back into reality,
"Yes, yes," he said hurriedly, "yes of course."

As combined, I passed the night with them and I fell asleep observing the stars in the sky and thinking if the girl I listened screaming, still had the opportunity to do such a good thing…

The wind battered the street around me. It roared into my dreams and forced me awake. I lay on my side, starting at the frayed cotton in my blanket, hoping that soon I would be able to sleep, my mind wondering through events that have been, might happen or may have happened. I heard the light patter of rain start tapping a dance on the roof. I rolled on to my other side. I watched the dark out line of Matthew slowly rise and fall as he slept. I notice he spelt sound even though the wind’s noise shattered any of my feeble attempts to sleep. I wondered if Ben was asleep, I turned and looked for him. The sheets where he had been were ruffled, he was gone. My heart started beating faster, where was he, where had he gone, the night was so dangerous. I got up and went across to Matthew. I shook him.

“Matthew, Mathew!” I said urgently, “Wake up please, Ben’s gone, he’s gone, he must be out, Matthew wake up please.” he rolled over, suddenly awake.
“Gone?” he asked seriously.
“Yes gone” I stammered. Matthew rubbed his ear in thought.
“Where?”
“I don’t know, I just looked and he was gone” Matthew stood up and walked outside quickly, he stood, the rain dusting him. He pointed to a patch of mud in the ground.
“Foot prints” he said seriously, “they lead to the mountain.” I followed them with my eyes, straining to see through the dark.
“We have to go find him” I said. Matthew looked at me and nodded, and began to walk towards the mountain. I followed, scared.

While we were walking I had the sensation that I’ve already followed someone on that way… It was the same way I followed the girl. I followed Matthew until we arrived to the mansion. My heart started to beat faster, and with fear in my eyes I looked at Matthew.
“Matthew, wait… This is the house where I was yesterday… where I listened to the screams… the shots…”
“But the foot prints are in that way… They can be the direction to Ben…” told Matthew.
“And if they aren’t?”
“I won’t ever abandonee Ben and he can be in need of my help, do you understand?”
Matthew turned to the house, walked through its gates and without answer to him, I followed his wish.

Following the foot prints around the house, we found a door half opened. Matthew looked inside and entered.
“Anybody home?” he shouted.
Nobody answered…

Looking to the floor I saw wet foot prints like the ones which brought us inside the house and we followed them. Upstairs we found Ben, looking through the lock of a door.
“Thank God! You’re safe Ben…” said happily Matthew hugging his friend.
“Shhhhhhhhhhhhh!” said quickly Ben.
Worried with the situation I asked Ben,
“What’s happening inside? Why are you looking through the lock?”
“See with your own eyes…” said Ben with a tune of surprise in his voice.

I looked through it… I couldn’t believe… So young… A sweet face, body of a model, a fashion style; sitting on her knees in the corner of that room, looking at something green in her lap, both lightened by a chandelier which supported three candles.

It was the girl I’d seen the day before. Her long dark hair didn’t mislead anybody. I noticed that her lips were moving…Swimming in curiosity, I leaned my ear to the door to try to understand what the girl was saying.

“Why does it have to be like that?” I listened repeatedly.
What did such a beautiful young girl do locked in a dark room, whispering strange things to a frog with a tune of sadness in her voice?
I’ll never know… The last thing I remember is a strange voice behind me shouting,
“SO… DO THESE THREE MOTHER FUCKERS THINK THAT THEY CAN GOSSIP ABOUT MY BUSINESSES WITHOUT ANY CONSEQUENCE? DIE SONS OF A BITCH! DIE!”

Now I am here, in a place that seems like a cave, writing some lines of my life… Accompany by the death body of Matthew and seeing Ben starving right there, sleeping on the ground and thinking about when will come his time to leave me alone in the ruins of this four walls without any ray of believe… Always running away of my problems… Always running away of my life… Finishing in a place where I can’t run away anymore… Is this a lesson?


Por John do Smooth e Sofia do Sofia's Word
(parceria para dar resposta a este desafio)

quarta-feira, agosto 27, 2008

Beautiful Surprise

Aqui festeja-se o aniverário dos Amigos, daquelas pessoas que entram na nossa vida e de alguma forma fazem a diferença, independentemente do tempo e da distância. Hoje não podia deixar de me juntar à tua festa, juntar aqui também alguns dos meus amigos para te dizer: Parabéns Cris!

terça-feira, agosto 26, 2008

Uma Estória (7)


Sapo meu, sapo meu,
Quem é mais linda do que eu?
Sou eu,
Responde o sapo,
Sou eu!
Como é isso possível,
Sapo meu?
Como podes ser tu,
Mais lindo do que eu,
Sapo meu?
Sabes menina linda,
Não me conheces como eu sou,
Quem sou e o que posso fazer!
Quem te disse a ti
Que não sou um príncipe encantado,
Uma fada disfarçada,
Ou a mais linda das estrelas?
Porque te vejo,
Sapo meu,
E diante da tua "feiura"
Eu sei que sou bem mais linda,
Sapo meu?
Então aprende,
Menina linda,
Que nem tudo o que reluz,
É ouro,
E que quem vê caras,
Não vê corações.
Ia dar-te todo o meu reino
Ia fazer-te princesa,
Mas como só pensas em ti,
Nem quiseste saber de mim,
Fica a olhar-te ao espelho,
Por toda a eternidade,
Até ficares velha e feia,
Que eu volto
Para donde vim…

Por Joaquim do Que é a Verdade?

segunda-feira, agosto 25, 2008

Uma Estória (6)


Ana levantou-se com uma estranha impressão na perna. Coxeava e tinha um leve ardor. Não se lembrava da noite anterior nem de parte do seu passado. Como de costume foi para colégio. As freiras fizeram um comentário sobre a sua postura na aula: Longinqua, alienada, de mente afastada, quase de corpo ausente. Mais um dia terminou e voltou a casa, jantou no orfanato, e à noite saiu para o clube. As noites negras e que tanto adorava eram a sua única razão de existência, tudo o resto eram apêndices. Os encontros com Jaime, seu amante e mentor, foi o quem a integrou na seita. Os rituais fascinavam-na e cada vez mais dependia deles para entrar em transe e escapar por momentos da sua vida modesta e mesquinha. Chegou a casa às tantas, continuava a coxear, deitou-se com Jaime e adormeceu esgotada mas deleitada.

Quando acorda tem uma espécie de gelatina sobre a boca e os olhos, quase não os consegue abrir. No banho tenta retirar o visco que a cobre. No joelho uma força estranha, uma dormência, uma energia bizarra a cobre, um caldo antigo e primordial sobre a rótula. No médico: "um caso raro"; "é pra ser fotografada"; "não vamos lancetar a coisa"; "Esperemos a evolução!". É medicada com drogas especialmente para doentes crónicos e casos de maleitas hiperactivas. Volta para casa a flutuar. No dia seguinte estava imóvel e vegetal sobre a cama. Um sorriso nos lábios disformes que se decompunham, os olhos gelatinosos desfaziam-se, por ciam dum joelho um girino desenvolvia-se sobre a epiderme. Por dentro do corpo a espinal medula ligava-se à perna esquerda, a respiração não era feita pela traqueia, mas sim por orificios junto à coxa. os lábios colam-se a face implode aos poucos, o cérebro deixa de funcionar. O girino desenvolve-se agarrado ao corpo. Utiliza-o para se deslocar. Numa ultima tentativa os médicos acham o fenómeno bizarro mas esperam mais desenvolvimentos, e através de cirurgia plástica reconstituiem-lhe a cara. Apesar disso os electro-encefalogramas acusam morte cerebral, as ligações sinapticas cortadas, a ligação motora interrompida. Quem controla o corpo como uma marioneta é Jack, O Sapo. É assim que se chama, e chegou para ocupar o seu lugar na carteira de Ana.

Torna-se o melhor aluno, já ninguém estranha o sapo no corpo, apenas sentem que Jack se devia livrar daquela carcaça. Mas Jack sente-se bem, acaba o colégio com excelentes notas e forma-se em direito. Jaime mantém uma relação com Jack, assumem-na perante todos e abrem um escritório de Actividades Juridicas no centro da cidade. São felizes finalmente.

Por zeroz do Apontamentes

sábado, agosto 23, 2008

Uma Estória (5)


- Juro que não falo mais contigo!
-Não entendo...isto antigamente, não era bem assim. Nós é que corríamos atrás do sonho e das princesas perfeitas, do beijo libertador, e tentávamos assumir uma outra personalidade qualquer!! - disse o sapo, encolhendo os ombros, se realmente os tivesse.
- Não me interessa essa conversa de psicologia invertida. Já te disse que só vou continuar a falar contigo se me deixares dar-te um beijo! Até lá...bem que podes procurar outra pessoa que saiba conversas contigo!
- Sabes bem que isso é impossível. Hoje em dia tudo o que foge ao normal é olhado de lado, assim com uma certa indiferença...como se até nem existisse. Ou se tivesse passado. Os da tua espécie têm medo do pseudo-anormal! Na realidade, eu até poderia ser a tua consciência materializada, como um certo insecto que uma outra história atrás. Só não tenho é chapéu, asas e bengala!
- Na realidade, eu posso mesmo deixar de falar contigo...e fazer de conta que não te vejo. É muito fácil. - a menina continuava encolhida no seu canto, de braços cruzados, recusando-se a olhar para o sapo que tinha ao colo.
- Eu não posso ser o teu príncipe encantado. Isso eram só histórias...sabes lá o que é que acontecia quando elas terminavam após aquelas palavras: E Viveram Felizes Para Sempre!"...a rotina, a casa, os filhos...olha, a Cinderela acabou por se viciar em comprimidos para dormir porque o seu príncipe ressonava deamsiado alto e não a deixava dormir!! As coisas não são bem como eram contadas. Afinal, vives num mundo de fadas, ou quê?!
- Não vivo, mas gostaria. Gostaria de acreditar que as histórias têm sim finais felizes e que por detrás de cada um há sempre aquela alma perfeita que apenas precisa de umas arestas limadas...mas tens razão...não posso forçar o que não é real...
- Isso sim...estás a ver? Eu tenho valor pelo que sou...um amigo teu que fala contigo, para além deste aspecto. Não sou mais nada do que isto. Outros tempos foram...
- Desculpa ter insistido tanto. Preciso sempre d eter algo para me agarrar. Olha, vou buscar-te uma folhinha fresca de alface e já venho!

A menina levantou-se e fez uma festa amigável no dorso do seu amigo verdusco. Enquanto fecha a porta, o sapo transforma-se num belo príncipe:

- Bolas, do que me livrei!! Passei séculos tão sossegadinho como sapo quando veio a outra e deu-me um beijo para me chatear durante toda a vida. Agora que voltei a esta paz...não quero outra coisa! Tenham mas é cuidado com os beijos!!


Por Su da Teia de Ariana

sexta-feira, agosto 22, 2008

Uma Estória (4)


Mas o que hei-de dizer
Olhando para ti meu amigo
Mas o que hei-de fazer
Para poder falar contigo

Vou imaginar que tu és
O meu príncipe encantado
Vou procurar de lés a lés
E também por todo o lado

Quero encontrar o meu amor
E ter alguém só para mim
Meu coração é um tambor
Pois sinto-o bater assim

Neste canto à luz da vela
Estou falando contigo
Será a noite mais bela
Tenho-te a ti como Amigo!

Por Belisa do Estrela no Céu

quinta-feira, agosto 21, 2008

Uma Estória (3)


Saber Esperar...

Era uma menina, igualzinha às outras meninas da sua idade. Com uma diferença: era uma papoila rubra, que se transformara numa linda princesa cheia de sonhos.

A menina todos os dias colocava a sua coroa de princesinha e sentava-se, durante algum tempo, num canto do seu quarto, alimentando o espírito de devaneios, ao mesmo tempo que esperava pacientemente pela materialização de uma quimera. Por debaixo daquela coroa pequenina, brilhava uma farta cabeleira negra, sob a qual habitava um cérebro idealista e rebelde. No castiçal tremeluziam as suas estrelinhas do êxito, emanando aromas enviados pelas ninfas do lago azul.

E sentia-se muito bem assim, respirando aquela paz que lhe vinha engrinaldar as aspirações. Tinha desejos e projectos ambiciosos. E esperava. Esperava com a certeza de os ter já alcançado. Esperava-os com o direito de quem trabalha para a sua concretização. Entre os seus anseios contava-se o de que um príncipe viesse complementar a sua ventura. Um príncipe, nem que fosse encantado. E esperava. Esperava apesar de, até agora, apenas lhe terem surgido sapos. A sua rebeldia não via neles encantamento algum. Via apenas sapos. Sapos daqueles que ela muito bem sabia que nadavam com as rãs na poçada do canavial. Bem os ouvia lá coaxar todos à noite.

No entanto nada lhe fazia perder a esperança de alcançar todos os seus objectivos. Trabalhava para isso. E esperava. Esperava pacientemente. Ela tinha a certeza de que a paciência é a sabedoria do saber esperar.

Por Fa Menor do Partilhas em Fa Menor

quarta-feira, agosto 20, 2008

Uma Estória (2)


Era uma vez…

Esta é a história de uma menina órfã de dezoito anos, a quem a vida escolheu como sendo um membro de uma das famílias mais nobres e ilustres da cidade. Maria, de seu nome, prima pela sua grandiosa maturidade, evidenciando um doce e feminino toque que desnuda a sua idade ainda precoce.

Mãe de Maria morreu tinha ela apenas dois anos de idade. Sempre num meio rodeado de criadas e de motoristas, Maria foi aprendendo a viver segundo regras e rotinas que lhe iam sendo impostas.


O pai da menina, eloquente diplomata, sonha uma carreira invejável para a filha, a quem sempre satisfez todas as necessidades económicas e materiais. Carinho e afecto não é linguagem que conste no seu dicionário, aliás, Maria está muito longe de se sentir amada.

Cabelos negros e longos esvoaçam ao sabor da brisa quando passa, a sua silhueta definida pelas curvas bem acentuadas do seu corpo e as excelentes combinações de vestuário modelam-na numa jovem elegante e atraente.

Maria vive quase sem ambição, dado que não é carecida de luxos ou caprichos. Os seus pequenos sonhos são considerados impossíveis. Apaixonada pela natureza, deseja em segredo ser bióloga, algo que nem ousa pronunciar perante a postura inquebrável de seu pai, que insiste numa carreira política.

Apesar de tudo, é uma rapariga sonhadora que idealiza um príncipe encantado montado num cavalo branco que um dia chegará para a vir buscar e para a libertar da sua vidinha de prisioneira. É assim que passa horas e horas a fio num pequeno sótão de arrumações que constitui um local mais discreto à criadagem.

Sente-se bem ali, talvez por ser a única divisão da casa que menos se parece com um museu, em que tudo tem que estar no sítio certo à hora certa.
Maria tinha um pequeno sapo, Greeny. Era com ele que passava grande parte do seu tempo livre no resgatado sótão. Era ele o bom ouvinte dos seus desabafos, problemas e das histórias dos seus sonhos.

Um dia, contagiada pela magia dos sonhos e da fantasia, achou por bem, uma vez na vida, tentar seguir o rumo do seu sentir e deixar-se envolver pela irrealidade dos devaneios.


Olhou Greeny nos olhos, sentiu-o a aproximar e suavemente o colocou na palma da sua mão. Pensou: “Como é que um animal tão pequeno pode significar mais para mim do que a minha família ou até do que as minhas regalias?”. Foi então que se chegou mais de perto, descalçou as luvas para o sentir na plenitude. Fechou os olhos e só o sentia na sua mão, estava rodeada por uma sensação de uma tranquilidade suprema. Aproximou-se ainda mais e teve a leve impressão de ver em Greeny um sorriso. A magia do momento transportou os seus pequenos e doces lábios para a boca do seu sapinho especial. Deixou-se levar e num sopro só sentiu-se envolvida por um abraço reconfortante. Continuou de olhos fechados… Teria chegado o príncipe? Será que era desta que conseguiria fugir para outro mundo num cavalo branco?

Por Patrícia do More Than Words

terça-feira, agosto 19, 2008

Uma estória (1)


Esta é a minha estória

Esta é a minha estória, neste canto que protege a minha vida… esconde segredos e alimenta sonhos. Acredito na felicidade como dom alcançável e é por isso que tenho estas velas… cuja luz me há-de manter sempre desperta para os subtis sinais da vida.

Ah… e tenho um sapo. Tem os meus olhos pela ternura e esperança com que o olho e assim chegará longe!E este é o meu retrato. Vêem? Sou linda…

Por Ni do Branco Escuro

segunda-feira, agosto 18, 2008

Desafio "Vamos escrever uma estória?"

Faz hoje três semanas que decidi propor-vos um desafio: escrever uma estória a partir de uma imagem. A imagem escolhida foi um quadro da Joana Ramos que tanto gostei desde a primeira vez que a vi. As respostas foram chegando até de quem não contava.

Neste momento tenho onze estórias (incluindo a minha), mas como algumas têm um tamanho considerável, irei publicar uma estória por dia. Como na verdade não se trata de um concurso, mas apenas de um desafio essa publicação será por ordem de chegada. De salientar que a responsabilidade pelo conteúdo das estórias é integralmente dos seus autores, e que estas não sofrerão qualquer tipo de edição.

Para as pessoas que quiserem ainda participar neste desafio, terei todo o gosto de receber e publicar as estórias que forem chegando.

Agradeço imenso a todos os que participaram pela disponibilidade e pelo carinho com que o fizeram. Espero que o este desafio vos tenha também tanto prazer em escrever, como a mim ao ler as vossas estórias.

Boas leituras e boas escritas.

quinta-feira, agosto 07, 2008

Vamos escrever uma estória?


Na semana passada, desafiei-vos a contarem-me uma estoria, baseada neste quadro da Joana. Já recebi algumas respostas, mas hoje venho reforçar o convite... O tamanho da estória fica ao vosso critério e se preferirem faze-lo em poesia (como já aconteceu) terei muito gosto. Fico a aguardar as vossas propostas até dia 16 de Agosto, para divulgação a partir de dia 17. Por favor enviem as vossa estórias para o email catiaazenha@gmail.com.

Agradeço a todos os que já enviaram, e a todos os que irão enviar. Deixo ainda mais um beijinho de agradecimento à Joana Ramos, autora do quadro "Rais part'os sapos".

sexta-feira, agosto 01, 2008

Hoje é o dia...

Hoje é O dia... Sim, não é um dia, mas O dia! Este é o dia em que tens saudades do que ainda não viveste, mas tens em ti presente todos os sonhos que estão por vir... Este é o dia em que és o centro das atenções, mesmo sem o quereres, embora agradeças cada momento... Este é o dia que esqueces os problemas, esqueces a solidão e festejas em ti e com a tua companhia... Este é o dia que também te lembras de forma especial daquele familiar ou amigo que já não está tão presente mas que tu querias perto, sempre e em especial neste dia, mas que sabes que mesmo longe, está perto...

Este é o dia... É o dia em que te desejo as maiores felicidades, que desejo e que peço que nenhuma nuvem algum dia esconda o sol que brilha no teu peito, no teu coração e a alegria que parte dos teus olhos e que aquece o coração de todos nós que estamos perto.

Este é o dia em que te digo: Parabéns Manocas, feliz 18º Aniversário!