Carta para ti...

Mãe,

Escrevo-te esta carta hoje, neste dia que dizem ser teu... Esta é a primeira carta que te escrevo... Sim, bem sabes que o é, nunca o fiz antes e hoje faço-o aqui, de forma cobarde e sabendo que não a lerás.

Tu és aquela que me carregou durante 9 meses, que me sentias e que mais me conhecias. Mas sabes que desde logo Deus quis que eu partissse, que te abandonasse... Mas Ele também quis que eu regressasse para junto de ti, mas vim diferente... já não me conhecias como antes, eu tinha crescido, tinha mudado... Depois, com os meus 3 anos surpreendi-te com a minha independência, eu sei que sim porque ainda hoje falas disso... Nessa altura coloquei os pés ao caminho e nem olhei para trás. Sei que julgavas que iria chorar, que iria chamar por ti, que quereria voltar contigo, mas não o fiz... Se o caminho era em frente, então era em frente que caminharia! Nesse dia começou a nossa separação, era a segunda em apenas três anos de vida, mas desta vez eu não voltei... eu segui sempre. Fingi que te levava comigo, que ias ao meu lado, mas não... tu sabes que não, tu sentes que não!

Por me sentires tão independente, achavas que sabia por onde caminhava então deixaste-te de preocupar com o caminho... Pensavas que o barco iria sempre dar a bom porto. Mas será que era mesmo assim?! Eu queria-te comigo, queria que me tivesses ajudado a ver os mapas, a definir a rota... Mas tu deixaste-me ir, deixaste que fosse eu a fazer tudo. Pior ainda, exigias que assim fosse, mas exigias principalmente que não me enganasse na rota, que fosse sempre a rota perfeita.

No auge da minha adolescência ainda tentaste uma aproximação... Seduziste-me e eu caí no teu jogo (tinha tanta necessidade de acreditar que poderia ser verdade...). Mas assim que te entreguei o coração colocaste uma faca no meu peito e mataste, com esse gesto, toda a minha confiança por ti.

Agora que sou adulta, reclamas o tempo que não te dou, a atenção que não tenho, as palavras que não te digo. Não te respondo... ou melhor, respondo-te com um olhar de admiração: Que amor queres que eu te dê?!! O amor daquele abraço que tu nunca me deste?!! Aquele amor que surgiu das conversas que nunca tivemos?!! Não mo deste a conhecer, por isso não sei do que falas...

Sei que me respeitas e te preocupas comigo. Sei que nunca me faltou nada de material, acredito que me ames até, (afinal és minha mãe e não é essa uma das condiçoes de se ser mãe?? Amar sempre os seus filhos??), assim como acredito que aches que eu não te amo... Tu nunca mo disseste e nunca to disse... Sei que ainda não é hoje que o ouvirás de minha voz... Mas fica a esperança que um dia, na alegria de um momento feliz, ou com a chegada do tal abraço que espero desde que nasci, eu te consiga dizer de forma sincera: "Amo-te mãe!".

Desejo um optimo Dia da Mãe da todas as mãe maravilhosas que por aqui passam, e a todos os filhos que sabem e dizem o quanto amam as suas mães!

CA.