- Não quero, quero ir embora…
Mas ele não me largava a mão que permanecia no mesmo sítio, agora fazendo pequenas massagens provocadas pelos gestos deles. Nessa altura, com a outra mão procurou a minha saia, levantou-a e baixou um pouco as minhas cuecas.
Não queria mais, queria só sair dali, dei-lhe um empurrão e tentei desenvencilhar-me daquela situação, mas o máximo que consegui foi sair da cama e chegar ao tapete felpudo que me separava da porta. Ele apanhou-me rapidamente, deitou-me e tapou-me a boca com a mão esquerda, para que não gritasse e o seu corpo pesado sobre o meu, premia-me contra o tapete, encurralando-me. A mão direita, essa, voltou a levantar-me a saia e baixou-me as cuecas até aos joelhos. Abriu o máximo das minhas pernas, presas pelas cuecas, e começou a tocar-me e a massajar-me. Eu tentava inutilmente sair dali ou gritar para todos os outros que estavam cá fora, mas era logo engolida por tudo aquilo que acontecia ali, e pelo barulho que existia. Não acreditava em tudo o que estava a acontecer, pedi-lhe várias vezes que parasse, mas nada fazia com que parasse…
De repente, fez com que um dedo dele entrasse em mim, girou e voltou a tirá-lo. Gritei de dor e de medo, mas sabia que não poderia fazer mais nada para além de chorar... E chorei! Ele deu-me a cheirar esse dedo, e que estava agora meio húmido, mas tentei desviar a cara presa por ele. Ali à minha frente, lambeu o dedo com um ar perverso. Foi aí que percebi que aquela cena digna de um filme de terror ainda estava longe do fim.
Abriu as calças destapando o pénis, colocando-o depois na minha mão. Disse-me para lhe tocar, e agarrando com força a minha mão, fez com que o massajasse ficando rapidamente erecto. Era tão grande e ameaçador que é uma imagem que nunca consegui esquecer. E mal sabia eu que dentro segundos estaria dentro de mim. Possuiu-me ali, em cima daquele tapete de quarto, enquanto percorria o meu corpo com as mãos e lambia-me o pescoço e a cara. Eu, apenas chorava e desejava que tudo aquilo terminasse rápido.
O seu cheiro a suor e álcool era tão intenso que me enjoava. Mas a dor que me provocava era maior e mais profunda que tudo isso, magoava-me o corpo e mas principalmente magoava-me a alma. Roubava-me naquele instante a coisa mais preciosa que tinha, a minha meninice, a minha pureza… os meus sonhos!
Depois de intermináveis minutos dentro de mim, arfava como um louco e agitava-se ainda mais sobre mim. A minha dor era tão grande que já não tinha percepção do que se passava, era como se já não sentisse nada para alem de muita dor… Tudo era dor!
Ele parou e caiu para o lado. Ainda ali deitado ao meu lado, puxou as calças e fechou-as. Eu apenas chorava em silêncio, não tinha coragem sequer para me mexer, não fosse ele voltar a atacar-me. Deixei-me estar ali prostrada sobre aquele tapete que me picava as pernas despidas, como que se de mil agulhas se tratasse. Depois de se acalmar, levantou-se sem olhar para mim, como que aquele querer de antes já não existisse, como se fosse apenas uma tarefa que tinha cumprido e terminado.
- Enxuga essas lágrimas! – Disse num tom seco, dirigindo-se para a porta. – Se contares o que se passou a alguém mato-te a ti e à tua mãe, ouviste?
Por CA
In Palavras Mudas