sexta-feira, julho 03, 2009

És bom?! Só lá fora...!

Nascida a 23 de Julho de 1944, Maria João Pires aprendeu muito cedo a tocar piano: aos cinco anos deu o seu primeiro recital e aos sete anos tocou publicamente concertos de Mozart.

Com nove anos recebeu o prémio da Juventude Musical. Torna-se reconhecida internacionalmente ao vencer o concurso internacional do bicentenário de Beethoven, em 1970, realizado em Bruxelas.

Decepcionada com o modo como tem sido tratada a nível governamental, sobretudo no seu projecto de ensino artístico de Belgais (Castelo Branco), Maria João Pires, que tinha dupla nacionalidade, decidiu agora ficar apenas com a brasileira. Em Junho de 2006, Maria João Pires abandonou o Projecto Educativo de Belgais, que desenvolveu no concelho de Castelo Branco, e decidiu ir viver para o Brasil, onde pediu autorização de residência. A pianista está a viver em Salvadora, no Estado da Bahia, e vai dedicar-se à hotelaria.

Hoje, com os seus 65 anos, Maria João Pires renunciou à nacionalidade portuguesa, tornando-se cidadã brasileira. A pianista fartou-se “dos coices e pontapés que tem recebido do Governo português".

Maria João Pires renunciou à cidadania portuguesa mas não aos concertos em Portugal, estando igualmente a preparar um novo disco.

É assim que tratamos os que, por alguma forma, se destacam? Já sabes, se és bom nalguma coisa e se queres ser reconhecido... Só lá fora!

Não se esqueçam: esta mulher foi Portuguesa!

7 comentários:

  1. Esta mulher foi Portuguesa e muito boa executante como pianista super-dotada.
    Foi também uma mulher altamente empreendedora que desenvolveu um projecto que em qualquer parte do mundo seria louvado e acarinhado pelo seu Governo.
    Mas neste país, à beira-mar plantado, só se valorizam "fait-divers" como o que se passou ontem na Assembleia da República.

    Querida sobrinha, estou de volta e deixei um selinho para ti no MaMaRiSo.

    Beijos gratos pelo mimo e afecto demonstrados

    ResponderEliminar
  2. Olá Cátia! :)

    O caso da Maria João Pires é um entre tantos os casos que são vítimas de desvalorização nacional, infelizmente.

    Mas considero esta questão algo controversa. Ou seja, também há casos de estrangeiros que se sentem mais valorizados cá do que nos seus países.
    Também há gentes bem valorizadas no nosso país e gentes bem valorizadas nos seus países.

    Eu compreendo a frustração da Maria João Pires. Na perfeição.
    Mas nestes casos coloco sempre cinco questões:

    - valorizam-na no Brasil, afinal? Para ter optado por ser só brasileira, quero acreditar que sim. E, nesse caso, desejo que siga em frente com um projecto como ela desenvolveu em Castelo Branco, lá em algum sítio simpático, algures, no Brasil.

    - se tinha dupla nacionalidade e "optou" pela brasileira porque aqui não lhe davam valor (ou o valor que ela gostaria de ter...) estamos perante um amuo e não perante uma opção, certo?

    - Queria ela a valorização dos senhores altos do país ou do seu público menor (as crianças que disfrutariam do seu projecto em Castelo Branco) e das pessoas que a admiravam deslocamdo-se aos seus espectáculos e adquirindo as suas produções?

    - Interessava-lhe mais a sua realização pessoal ou o brilhantismo do seu sucesso e reconhecimento público ao melhor estilo Tony Carreira?

    - se optou pelo Brasil para sua nacionalidade, é porque lá lhe dão o que ela sente que merece ter. Então, que se deixe engrandecer lá... se aqui já percebeu que niguém lhe atribui mérito (ou subsídios).

    Não quero dizer com isto que ela não fez bem... Que se devia ter acomodado à injustiça do nosso país...

    Mas tenho pena que ela e outros tantos (tanto portugueses como estrangeiros) tomem "opções" dessas pelos motivos dados.

    A opção certa deveria estar onde se sentisse bem com ela mesma, desenvolvendo o trabalho que a faz ser feliz, vivendo mediante aquilo que lhe era oferecido pelo grande reconhecimento que, afinal, até tinha... Até tinha...
    Não o tinha era de quem ela queria... Digo eu, vá.

    ... no dia em que tivesse os apoios desejados e o reconhecimento sonhado, não teria tempo nem forças para ser ela mesma nos projectos fantásticos que diz ter abandonado por falta de apoio... Mas aí... Claro, razões mais altas se levantariam.

    Nada contra a Maria João. Apenas contra este tipo de "amuos" opcionais que muitos famosos tomam. Se está triste e "partiu", onde tem esta gente o amor próprio?

    Quando não me reconhecem, luto pelo que gosto de fazer. E não sobrevivendo, viro costas. Mas não me lamento, nem volto. Mas isto sou eu, que não sou importante nem quero que todos os governantes nem revistas cor-de-rosa saibam que eu existo.

    Muitos beijinhos! :)

    *

    ResponderEliminar
  3. o que tinha a comentar, "Ovinho Estrela(do)" disse tudo.
    bj e bom fds.

    ResponderEliminar
  4. Ovinho,

    Acho que não alcançaste o desespero de uma artista que investiu tudo o que tinha e o que não tinha para realizar o projecto lindo de Belgais. Só que o que ela fazia não era rentável em termos económicos, só em termos culturais e isso, por si só, já seria motivo mais que suficiente para receber subsídios do Estado e esses não apareciam ou quando apareciam já ela estava empenhada até à raiz dos cabelos.
    Essa já seria razão suficiente para abandonar o projecto que o país (Governo) não acarinhou nem pagou, ou não????

    Ela, como pianista é reconhecida aqui e em qualquer parte do Mundo.
    Mas talvez o Brasil a adopte como fez com a Carmem Miranda e ela se sinta mais apoiada por lá.

    Quando ela morrer diremos que era uma Portuguesa. Já estamos mesmo habituados a isso e a muito mais.

    Até o Mourinho e o Cristiano Ronaldo são mais amados pelos estrangeiros do que pelos seus compatriotas. A ciumeira e a dor de cotovelo falam sempre mais alto.

    Desculpa mas eu não considero esta atitude um amuo. Considero, isso sim, que às vezes é necessário atirar uma pedrada no charco. Cheira mal, é certo, mas aí toda a gente dá conta.

    ResponderEliminar
  5. que ela merecia um apoio do estado, sem dúvida, mas como dizia jornalista Pacheco com discurso "ou apoias-me ou vou-me embora e Portugal perde um bom artista como eu", é um discurso nada humilde.

    Sou da opinião que "A ciumeira e a dor de cotovelo falam sempre mais alto", mas fugir porque não temos possibilidades é fugir à guerra em termos possibilidade em Portugal.

    É sabido que muitos talentosos saem do país, mas muitos ficam porque entram na "guerra" de conseguirem mostrar o seu trabalho demonstrando esforço, cultura que Portugal precisa. Não é fácil, nada fácil, mas nem todos são capazes de trilhar pelo caminho deveras dificil, ainda mais por aqui em Portugal, cujo a cultura está miserável!

    abraço.

    p.s. quero acreditar, esperançar que esforçando-nos ao máximo a recompensa chegará, seja cedo seja tarde.

    ResponderEliminar
  6. e contrariando o titulo do post...nao Cátia, Maria João Pires é uma excelente artista musical, soberba na cultura...seja onde estiver!

    e sim, Portugal, a cultura, a musica, a arte, perde e muito com a sua saída.

    ResponderEliminar
  7. Caros amigos,

    Acho que esta mulher extraordinária e acho que foi assim que perdemos um grande nome e uma grande referência nacional... Noutro pais ter-lhe-iam dado valor, no nosso não... Se formos perguntar a muita gente, se calhar nem sabem quem é Maria João Pires... Pergunto-me: como é possivel? Como é possivel que os jornais, as revistas, etc, etc nao falem nela?!

    Se foi amuo? Julgo que nao... Chamo perseguição e desvalorização...

    Fiquei em choque, depois fiquei triste e desiludida... Enfim.

    Beijinho grande,
    CA

    ResponderEliminar

Recebo as vossas palavras de coração...