Já aqui falei várias vezes de maus tratos a que as crianças são sujeitas. Já escrevi até (parte) de um conto, que coloquei
aqui. Quer queiramos quer não, existe uma série de crianças que são maltratadas pelos pais, irmãos, avós, ou outros familiares, por amigos dos familiares, ou até mesmo por perfeitos desconhecidos.
Não vamos fechar os olhos, nem falar hipotéticamente!! Basta de dizer que "sim, admito que aconteça..."!! Olho à minha volta e vejo sem pensar muito, entre amigos e amigos de amigos cinco pessoas (5!!), todas já crescidas que foram maltratadas mais ou menos novas. Foram maltratadas, bateram-lhes ou foram, pura e simplesmente abusadas sexualmente (ou tentativa de). Andamos todos de olhos fechados?! Será que não queremos ver?! Onde andam os pais com a cabeça ou onde andam eles para não tentarem impedir o sofrimento dos filhos?
O sofrimento, a baixa auto-estima, o sentimento de culpa, a degradação psicológica, os momentos de oscilação de humor, o não conseguir ter ou manter uma relação amorosa por muito tempo, a necessidade de todos os carinhos que lhe possam dar, são algumas das consequências desses actos.
Peço a todos os que me leem que reflitam sobre isso, sobre os números, sobre o que andamos a tentar ignorar. Aos pais e mães que me leem pergunto-lhes se já falaram com os filhos sobre isso, sobre algum possível incidente, porque eles existem e afectam muito, mesmo quando não são concretizados.
Aos jovens e aos menos jovens que foram violentados, e amordaçados para a vida sugiro que contem a alguém se ainda não o fizeram, ou que procurem algum tipo de ajuda. Não digam que não precisam, que conseguirão resolver, mas a verdade é que em todos os dias terão atitudes, mais ou menos visiveis, consequência daqueles abusos. Mas há uma coisa que quero deixar-vos bem acente, a culpa NÃO é vossa, nada poderiam fazer enquanto crianças ou jovens perante essa situação, perante um abusador, por vários motivos, nomeadamente porque normalmente são fisicamente mais fracos e porque o choque, a surpresa da situação condiciona uma reacção.
Quanto aos amigos e aos familiares peço que não critiquem nem se afastem. Por vezes existe aquele primeiro olhar ou a primeira reacção de desconfiança. Nunca duvidem do que uma criança vos conta, porque já é demasiado doloroso admitir. E lembrem-se que a culpa não é das crianças, mas dos que lhe fizeram mal. Elas apenas precisam de apoio, de sentirem-se protegidas e amadas.
Peço a todos, suplico-vos mesmo, que pensem e reflitam sobre o assunto... Os numeros são assustadores e não podem ser, mais, ignorados!