Os meus comentadores mais antigos lembrar-se-ao do meu primeiro desafio "Vamos escrever uma estória?", baseada na imagem de Joana Ramos, do qual resultaram 17 estórias fantasticas... ... Mas hoje tenho uma retificação a fazer... Não foram 17 mas... 18! Entraram-me casa a dentro a dizer que, passado mais de um ano o desafio tinha sido respondido!! Imaginam a minha cara de espanto?? Pois é, mas é mesmo verdade. Ora cá vai a estória:
"E mais um dia. Mais um dia que não anda nem para traz nem para frente. Tudo igual: a mesma luz do sol ofuscante, a mesma forma de andar e mesma forma de respirar.
E eu entro, fecho a porta. Como mais nada me apetece fazer, refugio-me…
Dirigindo-me à uma outra porta interior livro-me de tudo que tenho nas costas, nas mãos e nos ouvidos, dou repouso ao meu mp3, que também só tem oportunidade para isso quando eu tenho possibilidade de me isolar num silêncio completo.
Entro então no quarto, que já não é meu, não é de ninguém se não o do meu sapinho…é o meu esconderijo, o meu descanso, do mundo e dos meus pensamentos.
Sempre na mesma posição e na mesma companhia do meu animal de estimação e do semi-escuro lugar, deixo-me inspirar e aliviar os meus olhos de todo o pesadelo que passam lá fora.
É o momento em que não tendo musica nos ouvidos posso reflectir, pensar e/ou imaginar uma vida que nunca foi nem seria a minha nem de ninguém, ou posso simplesmente pensar em nada de específico, porque os pensamentos surgem incontroladamente.
A vida é esquisita e mais esquisita se torna quando penso nela…mas penso...e quando penso no meu passado lembro-me do meu príncipe. Este é o lugar em que dou asas aos meus pensamentos e a minha fraca imaginação. Eu sempre me imaginei uma princesa, não é por infantilidade, mas por dar mais graça aos meus pensamentos. Gosto de contos de fadas, no entanto, sempre me emocionei mais com histórias que não acabam propriamente com ‘e viveram felizes para sempre’.
Nem tudo tem que acabar bem e/ou sempre da mesma forma. E eu já tive um príncipe, tive no passado, no presente já não tenho...mas isso não me incomoda, até porque a minha história não acabou nem eu tento adivinhar o fim dela. Sou, como me imagino, uma princesa sem príncipe. Estou sozinha, mas nunca me considero como tal...tenho sempre o sorriso e a companhia do meu sapinho que se não fosse ele não precisaria sequer acender o meu velho castiçal, porque ele nunca se deu bem com o escuro e a electricidade aqui já há muito que deixou de passar... Um sítio abandonado, mas que se torna tão acolhedor para mim...
Voltando as minhas lembranças: sou portanto uma princesa que outrora viveu apaixonada e já se sentiu correspondida. A minha história até podia ser escrita como um conto de fadas vulgar, mas como eu não gosto de coisas vulgares, a minha história tomou um rumo diferente.. Continuo a ser princesa, o meu príncipe é que deixou de ser meu. Mudou. Não fui eu, mas sim ele, e eu não mudo de príncipes como quem muda de meias. Deixei simplesmente de o ter. Custou. Outrora ele era o meu único pensamento. Já passou. A pessoa que eu amei continua a viver mas o meu príncipe morreu.
Agora nada mais resta se não recordações...
O meu lugar favorito onde o tempo não passa e eu vivo descansada, esse é o meu mundo e a música é o meu segundo mundo, o mundo que é quando eu ponho os meus pés fora deste...
Evito o olhar do mundo comum porque me cega os meus olhos...é o sol, mas também são os actos humanos que por mim são incompreendidos.
A minha história não acabou porque o meu mundo é eterno..."
Deixo aqui um especial agradecimento à Lininha por me fazer ver que as coisas ficam e perduram... e quantas vezes não acontece sem mesmo sem nós sabermos?! E agradeço imenso a estória, e por teres cumprido o que prometeste à tua amiga. Respondendo-te directamente a algo que me escreveste: como poderia não publicar aqui?!