A propósito do Dia Mundial do Teatro, que se comemorou no passado dia 27 de Março, chegou ao meu email, por via de um amigo, um texto de Fernanda Lapa que ela escreveu para o JN.
Poderei dizer que, ser-se actor hoje, aqui em Portugal, é ser-se uma espécie de farol visto do mar. Ora se vê a sua luz, ora a deixamos de ver. Às vezes com regularidade, outra com largos espaçamentos.
Esta imagem rebuscada é a definição que se me oferece para o nosso estatuto de intermitentes. Somos um pobre farol cheio de arritmias luminosas. Quando a luz é visível e intensa, o actor e o público estão em sintonia, o naufrágio é evitado e a alegria é grande. Quando a luz se esconde, o público fica às escuras, o actor passa mal, sofre e não entende porque razão não pode mostrar aos outros a sua arte, aquilo que o faz “viver” – no sentido lato da palavra. O naufrágio, sucede, então. Mas, desta vez, quem soçobra é o farol!
Esta visão aparentemente pessimista do que é ser-se actor, aqui e agora, não é de forma alguma irrealista.
Todos os anos saem das várias Escolas de Teatro do País, gerações de actores ávidas de darem o seu melhor e, logo são confrontadas com a inexistência de estruturas de acolhimento, de apoios sólidos à Cultura e, especificamente, ao Teatro. Esperam ser chamadas para um ou outro projecto e, no entretanto, desesperam. Muitas vezes desistem e, todo o investimento efectuado na sua formação é deitado ao lixo.
Mas não falamos unicamente das novíssimas gerações de actores. Os mais antigos, mesmo aqueles, de quem o público conhece o nome, respeita e admira sofrem do mesmo mal. É todo um património cultural riquíssimo que fica ao abandono, tão tristemente como esses belíssimos monumentos que, por todo o país, vemos em derrocada.
Enquanto os nossos governantes e, todo um Povo, não entenderem que esta gente, nós, os fazedores de teatro, somos uma mais-valia fundamental para o reconhecimento de Portugal como País civilizado, a situação não se vai alterar.
Que este Dia Internacional do Teatro 2009 possa contribuir para uma chamada de atenção ao Público e, com um pouco de sorte, aos responsáveis pela governação, são esses os meus votos.
Fernanda Lapa – Encenadora/Actriz/ Directora Artística da Escola de Mulheres
Poderei dizer que, ser-se actor hoje, aqui em Portugal, é ser-se uma espécie de farol visto do mar. Ora se vê a sua luz, ora a deixamos de ver. Às vezes com regularidade, outra com largos espaçamentos.
Esta imagem rebuscada é a definição que se me oferece para o nosso estatuto de intermitentes. Somos um pobre farol cheio de arritmias luminosas. Quando a luz é visível e intensa, o actor e o público estão em sintonia, o naufrágio é evitado e a alegria é grande. Quando a luz se esconde, o público fica às escuras, o actor passa mal, sofre e não entende porque razão não pode mostrar aos outros a sua arte, aquilo que o faz “viver” – no sentido lato da palavra. O naufrágio, sucede, então. Mas, desta vez, quem soçobra é o farol!
Esta visão aparentemente pessimista do que é ser-se actor, aqui e agora, não é de forma alguma irrealista.
Todos os anos saem das várias Escolas de Teatro do País, gerações de actores ávidas de darem o seu melhor e, logo são confrontadas com a inexistência de estruturas de acolhimento, de apoios sólidos à Cultura e, especificamente, ao Teatro. Esperam ser chamadas para um ou outro projecto e, no entretanto, desesperam. Muitas vezes desistem e, todo o investimento efectuado na sua formação é deitado ao lixo.
Mas não falamos unicamente das novíssimas gerações de actores. Os mais antigos, mesmo aqueles, de quem o público conhece o nome, respeita e admira sofrem do mesmo mal. É todo um património cultural riquíssimo que fica ao abandono, tão tristemente como esses belíssimos monumentos que, por todo o país, vemos em derrocada.
Enquanto os nossos governantes e, todo um Povo, não entenderem que esta gente, nós, os fazedores de teatro, somos uma mais-valia fundamental para o reconhecimento de Portugal como País civilizado, a situação não se vai alterar.
Que este Dia Internacional do Teatro 2009 possa contribuir para uma chamada de atenção ao Público e, com um pouco de sorte, aos responsáveis pela governação, são esses os meus votos.
Fernanda Lapa – Encenadora/Actriz/ Directora Artística da Escola de Mulheres
Fernanda Lapa é uma Grande Senhora (com G e S bem grande) do Teatro em Portugal na actualidade. Para ela os meus mais sinceros Parabéns e elogios por se ter tornado um grande Farol.
Bom post :)
ResponderEliminarVim só dizer-te que estou aqui :)
E... eu adoro teatro...
Sobrinha linda,
ResponderEliminarAssino por baixo o teu elogia à Fernanda Lapa e ao seu grande amor pelo Teatro e pela Cultura.