terça-feira, junho 24, 2008

Quero...


Quero voar para além do mar,
Quero ir e sorrir,
Quero saber e aprender,
Quero amar e flutuar,
Quero mostrar e conhecer...

... Quero ser feliz.

sexta-feira, junho 20, 2008

Inspiração ou transpiração?


Uma amiga fez a seguinte pergunta: "a criatividade é inspiração ou transpiração?". Fiquei a pensar na resposta, acho que é complexa com uma resposta complexa... Na verdade acho que depende muito de pessoa para pessoa, depende de quem cria. Mas acho que terá parte de inspiração e parte de transpiração...

Algumas vezes escrevo impulsionada pela inspiração, e aí chego a escrever 2 ou 3 páginas em menos de 10 minutos; outras vezes, escrevo por prazer, e aí tenho a inspiração de uma ideia, de um desfecho, e depois vou escrevendo suavemente. Mas outras vezes a coisa não me sai e, se quero mesmo escrever, a coisa tem que ser muito transpirada.

Mas atenção que eu acho que a transpiração vem sempre associada ao criar. Para escrever, é preciso experiência e esta só se consegue quando se escreve muito. Só assim se começa a tomar atenção à forma como queremos (ou não) envolver o leitor. E não me venham falar só em talento, porque talento não é tudo. Existem pessoas que são muito esforçadas e que acabam por escrever muito bem e outras que de alguma forma desperdiçam o que têm de especial...

Que acham?

quarta-feira, junho 18, 2008

O que me dizem os livros?



«Quem cria está só.

Mas não é seguro que essa solidão seja para sofrer.

Eu sofri sempre mais no contacto com os seres humanos, na vida em sociedade,

que na verdadeira solidão.

Até certa altura, sente-se a solidão como punição, tal como as crianças que ficam sozinhas

no quarto escuro enquanto, perto,

os adultos falam e se divertem.

Mas, um dia, também nós nos tornamos adultos, e descobrimos que a solidão, a verdadeira, conscientemente assumida, não é punição, nem uma forma ressentida e doentia de isolamento,

nem uma excentricidade,

mas o único estado digno de um ser humano.

E, nesse ponto, já não é assim tão difícil suportá-la.

Como se vivêssemos para sempre num grande espaço

e respirássemos ar puro.»

S.M.

Post retirado daqui por Rita Ferro

sexta-feira, junho 13, 2008

13 de Junho...

"Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado.
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe -- todos eles príncipes -- na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos -- mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
vil no sentido mesquinho e infame da vileza."

(Alvaro de Campos,Fernando Pessoa)


Às três horas e vinte minutos da tarde de 13 de Junho de 1888 nascia em Lisboa, capital portuguesa, Fernando Pessoa. O parto ocorreu no quarto andar esquerdo do nº 4 do Largo de São Carlos, em frente da ópera de Lisboa... Lembremo-nos de quem foi brilhante...

segunda-feira, junho 09, 2008

O Sol lá de fora...


Olha para o sol que brilha lá fora. Sentes o calor? Abre as janelas e deixa que entre em ti, deixa que te aqueça o coração... Deixa que as lágrimas e que a dor, sim, essa que está cravada no teu peito, se diluiam com o calor, com o sol, com a luz que vem lá de fora. Sei que te procuras, procuras encontrar-te no meio de ti, mas abre o coração e deixa entrar o sol, entrar a luz, o calor, os amigos e o amor. Permite-te ser feliz, permite-te sorrir, permite-te amar...

Hoje quero ver-te sorrir, brilhante como os raios de sol que te iluminam a face e leve como o vento que faz agitar os teus cabelos...

domingo, junho 01, 2008

...

- Não quero, quero ir embora…

Mas ele não me largava a mão que permanecia no mesmo sítio, agora fazendo pequenas massagens provocadas pelos gestos deles. Nessa altura, com a outra mão procurou a minha saia, levantou-a e baixou um pouco as minhas cuecas.

Não queria mais, queria só sair dali, dei-lhe um empurrão e tentei desenvencilhar-me daquela situação, mas o máximo que consegui foi sair da cama e chegar ao tapete felpudo que me separava da porta. Ele apanhou-me rapidamente, deitou-me e tapou-me a boca com a mão esquerda, para que não gritasse e o seu corpo pesado sobre o meu, premia-me contra o tapete, encurralando-me. A mão direita, essa, voltou a levantar-me a saia e baixou-me as cuecas até aos joelhos. Abriu o máximo das minhas pernas, presas pelas cuecas, e começou a tocar-me e a massajar-me. Eu tentava inutilmente sair dali ou gritar para todos os outros que estavam cá fora, mas era logo engolida por tudo aquilo que acontecia ali, e pelo barulho que existia. Não acreditava em tudo o que estava a acontecer, pedi-lhe várias vezes que parasse, mas nada fazia com que parasse…

De repente, fez com que um dedo dele entrasse em mim, girou e voltou a tirá-lo. Gritei de dor e de medo, mas sabia que não poderia fazer mais nada para além de chorar... E chorei! Ele deu-me a cheirar esse dedo, e que estava agora meio húmido, mas tentei desviar a cara presa por ele. Ali à minha frente, lambeu o dedo com um ar perverso. Foi aí que percebi que aquela cena digna de um filme de terror ainda estava longe do fim.

Abriu as calças destapando o pénis, colocando-o depois na minha mão. Disse-me para lhe tocar, e agarrando com força a minha mão, fez com que o massajasse ficando rapidamente erecto. Era tão grande e ameaçador que é uma imagem que nunca consegui esquecer. E mal sabia eu que dentro segundos estaria dentro de mim. Possuiu-me ali, em cima daquele tapete de quarto, enquanto percorria o meu corpo com as mãos e lambia-me o pescoço e a cara. Eu, apenas chorava e desejava que tudo aquilo terminasse rápido.

O seu cheiro a suor e álcool era tão intenso que me enjoava. Mas a dor que me provocava era maior e mais profunda que tudo isso, magoava-me o corpo e mas principalmente magoava-me a alma. Roubava-me naquele instante a coisa mais preciosa que tinha, a minha meninice, a minha pureza… os meus sonhos!

Depois de intermináveis minutos dentro de mim, arfava como um louco e agitava-se ainda mais sobre mim. A minha dor era tão grande que já não tinha percepção do que se passava, era como se já não sentisse nada para alem de muita dor… Tudo era dor!

Ele parou e caiu para o lado. Ainda ali deitado ao meu lado, puxou as calças e fechou-as. Eu apenas chorava em silêncio, não tinha coragem sequer para me mexer, não fosse ele voltar a atacar-me. Deixei-me estar ali prostrada sobre aquele tapete que me picava as pernas despidas, como que se de mil agulhas se tratasse. Depois de se acalmar, levantou-se sem olhar para mim, como que aquele querer de antes já não existisse, como se fosse apenas uma tarefa que tinha cumprido e terminado.

- Enxuga essas lágrimas! – Disse num tom seco, dirigindo-se para a porta. – Se contares o que se passou a alguém mato-te a ti e à tua mãe, ouviste?

Por CA
In Palavras Mudas