sexta-feira, maio 01, 2009

Viver no vazio...

Gertrudes deambulava pela vida como fantasmas em filmes de terror. Saía de casa todos os dias quando o sol ainda não tinha acordado, e só voltava a entrar quando este já estava normalmente a dormir.

Do mundo conhecia apenas a cidade onde nascera ha 50 anos e a qual abandonara faz tempo. Agora, conhecia o mundo só de passagem... De ver as pessoas a passarem à janela do seu trabalho. Via as pessoas passarem apressadas na rua, via os carros a deslizarem lá fora, via os aviões a sobrevoarem a cidade...

À noite passava pelo supermercado, a uma hora em que apenas se ouva o som adormecido das caixas registedoras, para comprar qualquer coisa para comer...

Gertrudes morou cerca de 10 anos na mesma casa e nunca vira os vizinhos, nem tão pouco soube algo deles... Num mundo em que "salve-se quem puder" é o lema de vida, não há tempo para essas coisas...

Gertrudes morreu ontem naquela casa e ninguém chorou a sua morte, ninguém sentiu a sua falta, para além daquela velhota do supermecado que estranhou a sua falta mas que, dois dias depois, já nem se lembrava mais.

3 comentários:

  1. Consequência da vida atribulada das grandes cidades incaracterísticas e desumanizadas.

    Pobre Gertrudes!!!

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  2. Olá Cátia,

    Hoje, dia da Mãe, venho deixar-te uma beijoca grande!

    Espero que estejas bem.

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  3. o titulo deste post é como um balsamo para minha mente.
    bj na tua alma.

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Recebo as vossas palavras de coração...