Gertrudes deambulava pela vida como fantasmas em filmes de terror. Saía de casa todos os dias quando o sol ainda não tinha acordado, e só voltava a entrar quando este já estava normalmente a dormir.
Do mundo conhecia apenas a cidade onde nascera ha 50 anos e a qual abandonara faz tempo. Agora, conhecia o mundo só de passagem... De ver as pessoas a passarem à janela do seu trabalho. Via as pessoas passarem apressadas na rua, via os carros a deslizarem lá fora, via os aviões a sobrevoarem a cidade...
À noite passava pelo supermercado, a uma hora em que apenas se ouva o som adormecido das caixas registedoras, para comprar qualquer coisa para comer...
Gertrudes morou cerca de 10 anos na mesma casa e nunca vira os vizinhos, nem tão pouco soube algo deles... Num mundo em que "salve-se quem puder" é o lema de vida, não há tempo para essas coisas...
Gertrudes morreu ontem naquela casa e ninguém chorou a sua morte, ninguém sentiu a sua falta, para além daquela velhota do supermecado que estranhou a sua falta mas que, dois dias depois, já nem se lembrava mais.
Consequência da vida atribulada das grandes cidades incaracterísticas e desumanizadas.
ResponderEliminarPobre Gertrudes!!!
Olá Cátia,
ResponderEliminarHoje, dia da Mãe, venho deixar-te uma beijoca grande!
Espero que estejas bem.
o titulo deste post é como um balsamo para minha mente.
ResponderEliminarbj na tua alma.