quarta-feira, dezembro 10, 2008

o combate com a realidade

"fausto olhou para o prédio tinha vidros em frente, vidros grandes assim em frente todo ele em vidros. a estaca zero era uma praça e os vidros reflectiam que os prédios uns tão outros e nuvens nas fachadas a passarem os prédios e as nuvens. a praça com um bar desfocado e a esplanada cheia de miúdas lindas. nem fausto começou era o álcool e tambem comprimidos. do que estava a ver. do que estava a ver começou o fausto chegou à praça e começou a atirar álcool para cima das fachadas e das ruas dos prédios. começou prédios de vidros linhas demasiado direitas e depois começou a entorná-los, como quem enche os folículos da cabeça do cérebro da cerveja eram linhas demasiado direitas. assim a enchere a inchar a cabeça de cerveja. e o ruído da espuma a chiar era a pressão nos ouvidos. e as raparigas sorriam-lhe cada vez mais sorriam cada vez mais elas mais bonitas e fausto cambaleava no meio dos sorrisos delas. e fausto tinha feito um pacto uma vez. fausto tinha feito um pacto, por isso elas sorriam-lhe
e olhava para as fachadas dos prédios eram uma esplanada, era uma praça à parte do mundo com uma esplanada, e as raparigas riam-se belas e bebiam cervejs, e o calor do verão por cima parecia uma cúpulacosmos de calor e as raparigas riam-se e mostravam os lábios sorridentes e carnudos com beijos lá dentro.
mas fausto estava interessado pôs-se a embirrar com a "realidade", estava mais interessado em distorcer a "realidade", porque a "realidade", porque a "realidade", diziam-lha. porque a "realidade" imitava-lhe com aquele arzinho irritante de tão ser a "realidade". por isso fausto entornava bebidas alcoólicas para cima das ruas, para cima dos prédios, enquanto os insectos ainda não lhe subiam as suas pernas aleatórias. e aranhas eram paridas pelas paredes.
primeiro era uma árvore que sofria torção, que cambaleava expressionista, uma árvore com os braços no ar a gritar clorofila verde que era e os ramos torcidos no ar clorofila. depois eram os comprimidos. depois eram as fachadas dos prédios que ficavam líquidas e de linhas bambas. a "realidade" sofria a investida era fausto a avançar odiava a "realidade". porque isso era quando as pessoas chegavam e diziam isto é a "realidade"e depois fausto cortava-lhes a garganta sempre que podia eles não se calavam!, eles não se calavam!, quando lhe diziam "a realidade".
fausto cravou as unhas nas gengivas da "realidade" e levou-a à força era um ringue com centenas de espectadores e de gladiadores. fausto tinha poder de encaixe, por isso bebia bebidas mágicas, a "realidade" batia em fausto, as miudas riram-se excitadas com quando há uma disputa pelos melhores genes, fausto tentava acertar na cada da "realidade" e quando pé no estômago ressentiu-se ao se curvar no ringue e o ringue falava ainda tempo para acabar. e fausto pregou-lhe um murro quando ela no chão depois com um pau no lombo a umas vezes nas vértebras outras nas costelas.
fausto estava francamente bêbado. no entanto estava a ganhar o combate à realidade. "a realidade" estava de gatas no chão a tentear levantar-se e eram cachos de sangue a caírem em cachos de sangue do nariz partido e a cada cabisbaixa quando sangue a cair em que isto sim se pode chamar poesia, o nariz partido e o sangue a cair aos bocados para o chão.
e fausto triunfava com os pulmões do cérebro pneumotórax na cabeça assim cheio de drogas.
nessa altura a cidade já se tinha liquefeito. as raparigas lindas tinham-se derretido com o calor, e boiavam mortas, com lábios entreabertos à esperaque fausto as fosse beijar corpos de princesas. fausto tentavanadar nas ruas liquefeitas, as pequenas ondulações da água eram reflexos de habitações, e os prédios quando se derretem transformam-se em água, nos reflexos ondulados da cidade tornada água. corpos de princesas.
agora que tinha mostrado ao mundo que tinha mostrado ao mundo que a "realidade" era fraca e que podia derrotar a "realidade", e que o mundo tinha derretido numa água cristalina e sem peixes, e qeu o mundo já tinha deixado de existir terra, agora só lhe faltava afundar-se afogar-se no fundo com um milhão de raparigas afogadas como o seu harém de princesas, corpos de."

por Rafael Dionísio em Cadernos de Fausto, Chili Com Carne 2008.

5 comentários:

  1. Nem sempre a realidade é o que desejamos ..mas o importante é saber aceitar o que não se poder mudar e tentar mudar o que se pode..beijinhos

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  2. passe lá pelo a cada manhã que tem uma coisa para si! ;)

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  3. Uma "realidade" confusa...

    Beijinho grande e boa sexta! :D

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  4. Querida,
    Sabes que gostei muito do que me deste a conhecer da escrita deste autor. Mais uma vez, e agora lendo um registo diferente, adorei!
    Beijinho grande
    CA

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