Deito-me sobre a cama como se não suportasse por mais um segundo o peso do meu corpo. O candeeiro sobre mim está acesso iluminando o espaço. Os olhos querem-se fechar mas não posso permitir. Giro, a custo, a cabeça e olho para o despertador electrónico sobre a pequena mesa. Passam já trinta e três minutos da meia-noite, e eu ali como que morta sobre a cama. Se ainda tivesse um pequeno folgo, questionar-me-ia sobre a vida, sobre o que é isso de viver... Mas não consigo sequer pensar em me levantar para trocar de roupa e apagar o candeeiro que me ofusca.
Faço as contas que sei de cor: faltam cinco horas e cinquenta minutos para que o despertador volte a tocar... Depois a corrida de todos dias cheias de contas que também sei de cor: trinta minutos para despachar e acordar as crianças, quinze para lhes dar o pequeno-almoço e fazer o almoço que levo comigo, cinco minutos a pé até ao autocarro, trinta minutos de autocarro, seguidos de dez minutos de comboio, e mais dez a pé. Depois de oito horas de trabalho, são dez minutos a pé e vinte de comboio que me separam do segundo emprego. Depois de mais quatro horas de trabalho, volto para casa que fica a uma distância de uma hora de casa com dois comboios e um autocarro. Quando chego a casa, as crianças já dormem e aí, sem qualquer vontade, atiro-me apenas para cima da cama... E adormeço embalada pelos pensamentos do dia seguinte.
Faço as contas que sei de cor: faltam cinco horas e cinquenta minutos para que o despertador volte a tocar... Depois a corrida de todos dias cheias de contas que também sei de cor: trinta minutos para despachar e acordar as crianças, quinze para lhes dar o pequeno-almoço e fazer o almoço que levo comigo, cinco minutos a pé até ao autocarro, trinta minutos de autocarro, seguidos de dez minutos de comboio, e mais dez a pé. Depois de oito horas de trabalho, são dez minutos a pé e vinte de comboio que me separam do segundo emprego. Depois de mais quatro horas de trabalho, volto para casa que fica a uma distância de uma hora de casa com dois comboios e um autocarro. Quando chego a casa, as crianças já dormem e aí, sem qualquer vontade, atiro-me apenas para cima da cama... E adormeço embalada pelos pensamentos do dia seguinte.
CA
Vidas demasiado duras...
ResponderEliminarTudo contado ao segundo!
ResponderEliminarUm minuto atrasada e "bloqueia" o resto do dia.
Mas com uma vida agitada, crianças, trabalho,caras novas todos os dias....
Acredito, que quando te deitas na cama, adormeces feliz, cansada, mas feliz.
beijo grande
inesc
É em alturas assim que nos perguntamos qual o sentido de tudo isto..... o que vale é que resta sempre a esperança de que amanhã, talvez......
ResponderEliminarJorge
Assim, com mais uma ficção à moda da Cátia, quando tiveres as crianças para levares à escolinha, tudo vai ser mais fácil, tal é a experiência acumulada nos teus contos do Ticho, né?
ResponderEliminarAdoro-te!!!!
"Quando chego a casa, as crianças já e aí, sem qualquer vontade, atiro-me apenas para cima da cama..."
ResponderEliminarAs crianças já estão a dormir?
O pior é que este teu conto é vivido por muitas mulheres e também alguns homens...
Beijo grande!
Cris,
ResponderEliminarSem dúvida... e partilhada por tantos...!
Um beijo
Ines,
As crianças não sao minhas nem a vida sequer, felizmente. Ficção que é em tantos casos real.
Beijos
Jorge,
Existe sempre um amanha que se espera melhor... existe sempre um futuro, nem que seja para as crianças que se anseia melhor. E por isso há mesmo que lutar.
Beijocas
Ti Té,
Que os meus contos do Ticho, um dia possam ser uma recordação... Gosto de os escrever, gosto de descrever, à minha maneira, o que vejo e o que (felizmente) não vejo.
Um xi
Marta,
Erro de revisão (que juro que revi!!) mas já retificado. Vivido por tantos, tantos... que acho que nem sempre temos a noção.
Beijo enorme para ti
CA