Em deambulação...

Seguia o caminho de casa, quando a vontade não era essa... Parei, e decidi-me a mudar de rota e ir... Sem rumo, pensava eu. Passei curvas e contra-curvas, rectas, cruzamentos e rotundas. As lágrimas tapavam-me a cara e afogavam-me a voz. Doia-me a cabeça de tal forma que não conseguia pensar... Ao juntar-se a fome, de horas seguidas sem comer, entrei num estado de semi-consciência. O carro andava devagar como que a deambular pelas ruas, mas ia... Cheguei a um lugar conhecido, a um jardim que era o meu. É lá que eu gosto de me esconder, lá não me fazem perguntas e as lágrimas, mal disfarçadas por mim, são apenas motivo de gozo, numa tentativa de as afastar. Parei o carro, olhei para aquele espaço, olhei para o meu baloiço por 30 segundos.... E arranquei. Vim por caminhos desconhecidos... Cheguei sem me lembrar muito bem por onde tinha passado. As lágrimas já não caiam como antes, o corpo já não doia, a fome já tinha ultrapassado o perceptível... Comi qualquer coisa de passagem, deitei-me cansada e... adormeci.